Relatório lançado pelas Nações Unidas destaca que para muitos, o acesso a substâncias como codeína e morfina é limitado; documento ressalta ainda aumento de 11% das novas substâncias psicoativas.
Cerca de 5,5 bilhões de pessoas têm acesso limitado ou nenhum acesso a medicamentos contra a dor, como codeína ou morfina.
O número corresponde a 75% da população mundial, segundo relatório lançado esta terça-feira pelo Comitê Internacional do Controle de Narcóticos da ONU.
O documento nota que 92% da morfina disponível no mundo é consumida por apenas 17% da população mundial, que vive principalmente nos Estados Unidos, no Canadá, na Europa Ocidental, na Austrália e na Nova Zelândia.
Demanda
Segundo o comitê, tratar a discrepância na disponibilidade de narcóticos é uma obrigação dos governos prevista na Convenção Internacional do Controle de Drogas.
Para isso, os países precisam garantir que a redução da demanda seja prioridade nas políticas sobre drogas, além de fornecer recursos de prevenção, tratamento e reabilitação.
O relatório mostra que desastres naturais e conflitos armados podem limitar ainda mais o acesso a medicamentos essenciais.
De acordo com a lei humanitária internacional, em caso de conflito, grupos que controlam territórios têm a obrigação de permitir o acesso a remédios para os civis.
Déficit de Atenção
O aumento das novas substâncias psicoativas é outra preocupação: foram identificadas 388 novas substâncias no ano passado, um aumento de 11% em relação a 2013.
Outro dado do relatório está relacionado ao consumo global de metilfenidato, um estimulante utilizado principalmente para o tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, TDAH.
O uso da substância cresceu 66%, em grande parte pelo aumento dos pacientes, falta de regras de prescrição e fortes campanhas de marketing.
Somente nos Estados Unidos, 11% dos jovens entre 4 e 17 anos de idade foram diagnosticados com TDAH. Na Alemanha, o diagnóstico aumentou 42% entre crianças e adolescentes.
O relatório nota ainda que os medicamentos são utilizados de forma abusiva por um número cada vez maior de adolescentes e de jovens adultos.
Maconha e Cocaína
Sobre tendências regionais de drogas, o documento destaca o aumento do tráfico ilegal na África. O leste do continente tem sido cada vez mais rota para o mercado de heroína. Já o sul da África continua sendo ponto central para o trânsito global de heroína e de cocaína.
Sobre a América do Sul, o destaque vai para o Uruguai, que legalizou o uso da maconha, e para o cultivo da folha de coca na Bolívia, na Colômbia e no Peru. Nos três países, houve queda de um terço da produção entre 2007 e 2013.
Já a América do Norte tem o mais alto índice de mortalidade relacionada ao uso de drogas. Nos Estados Unidos, ocorrem mais mortes por overdose do que por homicídios ou por acidentes de trânsito. A maioria das overdoses é ligada ao uso de opióides.
A maconha continua sendo a droga mais disponível e traficada na América do Norte, especialmente entre os jovens.
No Canadá, estudos do governo mostram que 1 entre 5 jovens de 11 a 18 anos de idade fumou maconha nos últimos 12 meses