Guarda Municipal da cidade e Exército vão participar das buscas amanhã; representante da Sejusp foi vaiado ao defender DOF
Equipes do Corpo de Bombeiros e da Guarda Municipal de Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande, vão iniciar amanhã (23) as buscas aos irmãos Rodney Campos dos Santos, 27, e Edney Bruno Ortiz Amorim, 20. A decisão foi tomada na tarde desta terça-feira, durante audiência pública na Câmara de Vereadores. As buscas, que devem contar com apoio do Exército, vão ocorrer 11 dias após o desaparecimento.
Os irmãos desapareceram após serem abordados por quatro policiais do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), por volta de meio-dia do dia 12 deste mês, em um posto de combustíveis na saída para o município de Antônio João. Imagens gravadas pela câmera de segurança do posto mostram os dois saindo conduzidos pelos policiais.
“Queremos esses meninos vivos ou mortos”, protestaram familiares dos desaparecidos. “Se fosse seu filho, o senhor faria a mesma coisa”, afirmou um dos presentes se dirigindo ao coronel da Polícia Militar Givaldo Mendes de Oliveira, que representou o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa.
Givaldo foi vaiado ao defender o DOF e garantiu que o caso está sendo investigado e que se os policiais forem culpados serão punidos. “É de interesse do governador e do secretário dar uma resposta para a sociedade e resolver logo esse caso”.
O DOF foi duramente criticado pelos manifestantes. “Será que voltou a ser um grupo de extermínio”, questionou um parente dos irmãos, ao discursar durante a audiência. Nos anos 90, o DOF chegou a ser denunciado por entidades internacionais de direitos humanos, mas as denúncias nunca foram comprovadas.
Buscas – O grupo de buscas foi criado após iniciativa do secretário municipal de Segurança Pública, Marcelino Nunes. “Vamos procurar até encontrar esses meninos, vivos ou mortos”, prometeu.
O Corpo de Bombeiros foi criticado pelos familiares por se negar a fazer as buscas. No fim de semana, amigos e parentes procuraram os irmãos na região do distrito de Nova Itamarati, mas não localizaram nenhuma pista.
Claudiney da Silva Quintana, tenente-coronel e comandante do 4º Grupamento dos Bombeiros, negou que a corporação tenha se recusado a fazer as buscas. “A informação que tínhamos era que estavam desaparecidos. Não podemos trabalhar em cima de boatos. Não tem denúncia de desaparecimento registrada no Corpo de Bombeiros, mas as equipes estão prontas para atender”, afirmou.
OAB – O presidente local da Ordem dos Advogados do Brasil, Luiz Rene Gonçalves do Amaral, disse que a entidade já está acompanhando as investigações e prometeu levar o caso ao conhecimento da OAB nacional. “Ponta Porã é cidade sem estado, a segurança está abandonada”, afirmou.
A promotora de Justiça Clarrisa Carlotto Torres garantiu que o Ministério Público já acompanha as investigações e que o caso não vai ficar impune.
Cobrada por manifestantes, ela pediu calma e disse que não é hora de dar detalhes sobre a investigação. “Não vou falar mal da polícia, nem do DOF, os senhores estão aqui para desabafar, temos um problema muito maior para discutir que é a segurança pública. A polícia está nas ruas nos protegendo”.