Chile começa colheita de maconha para uso medicinal contra câncer
Presidente da Daya Foundation, Ana Maria Gazmuri mostra maconha cultivada no Chile. / Foto: Martin Bernetti/AFP

Cinco meses após o plantio, o Chile começou nesta terça-feira, dia 07 de abril, a colheita dos primeiros 400 pés de maconha autorizados para uso medicinal, em um programa inédito que visa a aliviar a dor de 200 pessoas que lutam contra o câncer.

Com quase dois metros de altura e plantadas em vasos de plástico, as plantas foram apresentadas em um local fortemente protegido do município de La Florida, ao sul de Santiago, base do inovador projeto feito em parceria com a Fundação Daya.

A cerimônia ocorreu em meio à grande expectativa jornalística, em um país onde a compra de maconha não é permitida e a cannabis é considerada uma droga pesada, embora o consumo privado seja permitido.

O projeto "foi desenvolvido ao longo de meses. Primeiro plantando as sementes, então cultivamos estas plantas e hoje começamos a colheita que acabará por levar-nos à produção do óleo medicinal usado para trazer alívio aos primeiros 200 pacientes" com câncer, explicou Rodolfo Carter, prefeito de La Florida.

Após a obtenção de uma licença especial, única e exclusiva para este projeto, a iniciativa começou em outubro passado com o plantio de 850 sementes, que viraram os 400 pés que começaram a ser colhidos nesta terça-feira.

Alívio das dores

A partir deles será extraído um óleo de cânhamo para entrega gratuita a 200 pacientes com câncer, visando amenizar as dores provocadas pela doença. Dos 200 pacientes selecionados, 100 são moradores do município de La Florida, uma das áreas mais povoadas de Santiago, enquanto o restante foi selecionado pela Fundação Daya.

Todos foram submetidos a tratamentos agressivos contra câncer, como quimioterapia ou radioterapia, que muitas vezes não conseguem apaziguar a dor física e emocional causada pela doença.

Paralelamente a esta iniciativa, tramita no Congresso chileno um projeto de lei para descriminalizar o auto-cultivo de maconha para fins recreativos e medicinais, que propõe manter a proibição do uso em vias públicas e estabelece o porte máximo de 10 gramas por pessoa.

As plantas colhidas nesta terça-feira foram cultivadas em uma área aberta de cerca de 100 metros quadrados. Vem agora o processo de secagem e armazenagem antes que a maconha seja enviada para um laboratório, onde o óleo será desenvolvido.

A droga está prevista para ficar pronta em janeiro de 2016, e deve ser entregue aos pacientes com câncer dentro de um ano.