Campo-grandense está confuso quanto ao que ocorre no mundo do trabalho, embora sinta o impacto das transformações
Sobre os trabalhadores, os protagonistas do feriado desta terça-feira (dia 1º), pairam diversas dúvidas, mas há algumas certezas. Em um cenário de esfriamento do mercado e em meio a tantos discursos prós e contras às mudanças na legislação trabalhista, muitos ficam confusos. Estão certos, no entanto, quanto a suas condições: sabem que estão desempregados, que precisam completar a renda e que o salário está subindo pouco.
“Não faço ideia”, admite a empregada doméstica Eliane Sorrilha, 33 anos, em referência à reforma trabalhista e ao quadro de desemprego. “Só sei que o salário não tá subindo quase nada”, acrescenta. Ela está na nova profissão há seis meses, depois de oito anos trabalhando como eletricista residencial. “Sofri um acidente no serviço e não pude mais ser eletricista”, lamenta-se.
O aposentado Estêvão da Silva, 72 anos, também não compreende, com clareza, o que está ocorrendo no mundo do trabalho. “Falam tanta coisa que não dá pra entender mais nada”, afirma. Sua certeza é quanto o reduzido poder de compra proporcionado pelo benefício de R$ 954. “É pouco. Por isso preciso trabalhar como diarista”, conta. Ele entrega panfletos e recebe pelo serviço R$ 40 por dia.
Desempregada há um ano, a açougueira Bruna Rosa da Silva, 26 anos, tem consciência da dificuldade de retornar ao mercado de trabalho. “Entrego currículo direto, mas tá difícil”, afirma. Em relação às mudanças em curso no mercado de trabalho e na legislação, ela reconhece que não tem conhecimento. “Não sei dizer”, admite.
O trabalhador rural Elias Oliveira Vilela, 28, também não se lembra de nenhuma alteração da legislação, mas percebe, em seu cotidiano, consequências positivas e negativas. “Acho que tem coisa melhorando, como a segurança no trabalho, mas tem coisas ruins, como o salário que aumenta pouco”, considerou.
A atendente de telemarketing Ana Carolina Santos, 19 anos, tem certeza de ao menos uma alteração nas relações de trabalho. “Agora, a gente pode receber por hora. Só lembro disso”, citou, acrescentando que a medida foi adotada na empresa em que trabalha. “Eu acho que ficou melhor”, avalia.
Em cinco anos, desemprego cresceu 55% em MS e há 116 mil sem trabalho
O que dizem os números sobre a situação atual do trabalhador? Os dados oficiais, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que há 13,7 milhões de desempregados no Brasil, 23 milhões trabalhando por conta própria e 10,7 milhões sem carteira assinada.
Em Mato Grosso do Sul, o ano se encerrou com 116,5 mil pessoas sem emprego, alta de 55% em relação a 2012, quando havia 75,2 mil desempregados. Essa variação é quase sete vezes maior que o crescimento na quantidade de trabalhadores ocupados no mesmo período: 1,16 milhão para 1,26 milhão de sul-mato-grossenses, alta de 8,24%.
Os dados também indicam crescimento considerável dos que trabalham por conta própria: 227 mil em 2012 para 275 mil no ano passado, incremento de 21,14%.