Entidades empresariais de Mato Grosso do Sul repudiam atos de vandalismo cometidos em Brasília no domingo.
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Entidades empresariais de Mato Grosso do Sul repudiaram atos de vandalismo praticados por manifestantes de extrema-direita em Brasília, que invadiram e depredaram instalações do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao mesmo tempo, economistas chamam atenção de que caso a crise política não seja apaziguada o quanto antes a população vai sofrer com inflação e a atração de investimentos do exterior poderá ser prejudicada.
Empresários, por meio de entidades representativas, e economistas consideraram como “graves” os atos antidemocráticos realizados no domingo, em Brasília.
O mestre em economia Eugênio Pavão frisou que a invasão das instituições dos três Poderes traz uma mancha para o Brasil. Na avaliação dele, esses atos dão uma imagem de perda de controle da economia e da segurança.
“Como a reação foi rápida e contundente, o resultado deve ser a volta da normalidade econômica. Caso não houvesse essa reação, o dólar poderia ser afetado e subir com a desconfiança dos investidores internacionais na condução da política econômica”, avalia.
Já em relação à situação interna, Pavão deixou claro que o aumento dos protestos com fechamento de rodovias pode fazer a inflação disparar e trazer o desabastecimento, embora na prática ainda sejam hipóteses pouco prováveis, principalmente pelas decisões tomadas após as manifestações.
O economista Eduardo Matos destaca que os acontecimentos em Brasília refletem, principalmente, na confiança dos investidores no Brasil, ou seja, há temor pela insegurança política no País, o que dá maior aversão a alocar o patrimônio e realizar investimentos aqui.
“Os investimentos no País atuam diretamente no crescimento econômico, e com sua queda o já duro desafio de recuperação dos níveis de investimentos será ainda mais complexo de ser contornado”, frisa o economista.
Para ele, o País precisa seguir em frente e resolver problemas conjunturais que mexem com a vida da população em todos os 26 estados e Distrito Federal.
Já o economista Marcio Coutinho chama atenção de que agora não é o momento de fazer prognósticos econômicos e, sim, de atitudes da classe política para, a partir daí, decisões serem tomadas.
Ele ressalta que o resultado das eleições aponta para um País dividido e que agora os grupos políticos – o vencedor e o derrotado – precisam tomar atitudes exemplares para que o País não mergulhe no caos econômico.
“Essa invasão em Brasília com depredação também mostra a insatisfação de grupos políticos. A classe política tem de se manifestar. Previsão econômica agora é precoce. Creio que todos os poderes terão papel importante neste cenário político”, acrescenta Coutinho.
EMPRESÁRIOS
Por meio de nota oficial, a Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) mostrou-se contrária a atos extremistas de manifestantes e anunciou que repudia todo tipo de invasão e depredação, seja em prédios públicos, seja em prédios privados.
A nota diz, ainda, que a entidade “não possui informações sobre a existência de impacto econômico das manifestações ocorridas em Brasília nem registrou queixas ou reivindicações de empresários sobre algum possível prejuízo local”. Atualmente, a ACICG engloba um total de 8 mil empresas em todo o Estado de Mato Grosso do Sul.
A presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) de Mato Grosso do Sul, Inês Santiago, destacou que apesar de a situação ser considerada grave, uma análise sobre impactos econômicos ainda é incipiente.
“Acredito que isso dependerá, primordialmente, de como serão conduzidas as apurações dos fatos. A partir daí, saberemos se haverá equilíbrio e parcimônia ou recrudescimento na condução. Prefiro acreditar que haverá equilíbrio. Note que o dólar oscilou muito pouco nesta segunda-feira e o mercado financeiro teve uma reação moderada, o que demonstra confiança nas instituições brasileiras”, disse.
A FCDL comanda um contingente de 15 mil empresas no Estado. Para a empresária, a decisão de se manifestar desrespeitando os símbolos do Estado Democrático de Direito e atacando patrimônio público não encontra apoio no sistema político, inclusive, junto às lideranças mundiais.
“Assim, na nossa visão, ao menos até agora, ressaltando que dependerá dos desdobramentos dos fatos, não nos parece que haverá grandes impactos na economia”, ressalta Inês.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campo Grande, Adelaido Vila, explicou que o varejo – de comércio e serviços – é um dos setores mais sensíveis da economia, não importando se é grande, médio ou pequeno.
“Toda vez que temos um ambiente de instabilidade, logo de imediato, o setor sente os impactos. O ano de 2022 poderia ter resultados muito mais favoráveis se tivéssemos mais estabilidade política”.
Fecomércio, Fiems e Famasul foram consultadas, mas por estarem em recesso não se manifestaram.
MERCADO
No mercado financeiro, o dólar chegou a subir mais de 1% no começo do dia, mas acabou fechando com alta mais discreta ontem, após reações das autoridades contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que invadiram a sede dos Três Poderes em Brasília.
O indiciamento de cerca de mil pessoas pela Polícia Federal e a determinação da retirada dos acampamentos em frente ao quartel-general do Exército em Brasília passaram uma mensagem de solidez das instituições aos investidores, especialmente os estrangeiros.
O dólar comercial à vista fechou em alta de 0,38%, a R$ 5,2570 na venda, depois de atingir a cotação de R$ 5,30 na máxima do dia. O Ibovespa fechou em alta de 0,15%, a 109.129 pontos.
O EWZ, fundo de índice (ETF) composto por ações brasileiras negociado em Nova York, chegou a cair 2,4% no início da manhã e estava em queda de 0,78% às 18h20min (horário de Brasília).
Os juros, que passaram boa parte do dia em alta, fecharam em baixa. Os contratos com vencimento em 2024 recuaram de 13,61% ao ano no fechamento de sexta-feira (6) para 13,57% nesta segunda. A taxa para 2025 caiu de 12,90% para 12,78%. Para 2027, o recuo foi de 12,81% para 12,71%.