Retomada das atividades presenciais deve ficar para agosto nas escolas públicas e particulares.
O avanço do contágio da Covid-19 em Mato Grosso do Sul deve deixar os estudantes de todas as redes de Ensino Fundamental e Médio de Mato Grosso do Sul, público e particular, mais um mês longe das escolas. São pelo menos 500 mil crianças e adolescentes que continuarão recebendo o conteúdo em casa, via canais audiovisuais, como televisão e internet.
O Correio do Estado apurou que o governo do Estado, cuja rede de ensino tem 210 mil alunos matriculados, prevê o retorno das aulas somente em agosto.
Havia uma expectativa para a retomada das aulas no mês que vem, mas os últimos boletins epidemiológicos têm sido um balde de água fria nos planos dos educadores e autoridades. Só ontem, foram 417 casos novos no Estado, elevando o total de confirmações para 6.201, e 173 pessoas ocupam leitos hospitalares.
Esses números – recordes da pandemia, mas que devem ser quebrados ao longo da semana – reforçaram o alerta dos médicos infectologistas às autoridades, que preferiram manter estudantes e professores em casa por mais um mês.
Na Prefeitura de Campo Grande, o prefeito Marcos Trad também confirmou aulas, só em agosto. “Devemos prorrogar por mais 30 dias, dependendo dos números, mas dificilmente retornaria em julho, nesta última dezena de junho estamos tendo um aumento exponencial nos casos”, revelou.
ENSINO PRIVADO
Enquanto no ensino público é mais fácil prorrogar o período de aulas não presenciais, nas escolas privadas, que dependem do pagamento mensal dos pais dos alunos, o clima é mais tenso.
Na manhã de ontem, em frente ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul, onde houve reunião com promotores de Justiça, com o prefeito Marcos Trad e também com donos de escolas, foi estabelecido um novo calendário de retorno: uma nova reunião no dia 14 de julho, com um possível retorno – caso o contágio do coronavírus seja reduzido – no dia 27 de julho.
Houve, porém, donos de escolas que defendem o retorno imediato. Muitos deles protestaram na frente da Procuradoria-Geral de Justiça. A Polícia Militar monitorou o protesto e os manifestantes se dispersaram rapidamente.
Na reunião, a promotora Vera Bogalho explicou que as aulas só voltariam em Campo Grande se a ocupação de leitos não fosse superior a 50%. No boletim de ontem, esse porcentual era de 64%. “Esses critérios não foram satisfeitos. Não é o momento para abertura das escolas particulares agora no dia 1º de julho em razão da situação aqui de Campo Grande”, justificou a promotora.
A professora Maria da Glória Paim Barcellos, presidente do Sindicato das Instituições de Ensino Privado de Mato Grosso do Sul (Sinepe), não se posicionou favorável aos donos de escola que estavam do lado de fora. Há uma cisão no setor, que ficou evidenciada durante a pandemia. As pequenas escolas têm pressa para voltar e muitas temem fechar as portas quando o coronavírus deixar de ser uma ameaça.
“Nós temos de ser muito ponderados, o sindicato não é contra nem a favor de uma situação ou outra. O que nós temos de trazer são dados concretos e seguir as normas e orientações da saúde”, afirmou Maria da Glória. (Colaborou Eduardo Miranda)