O governo dos Estados Unidos concluiu, neste sábado (1º), seu papel de vigilante formal sobre a Internet, entregando a gestão do sistema on-line a uma entidade global sem fins lucrativos.
O Departamento americano do Comércio anunciou o fim de seu contrato com a Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (Icann), a organização que gerenciava a chamada "zona raiz" da Internet.
Com essa medida, a Icann deixa a operação autorreguladora, que será ocupada por um grupo interdisciplinar, integrado por engenheiros, acadêmicos, empresários, grupos de governo e organizações não-governamentais.
A mudança faz parte de um plano para "privatizar" a Internet defendido há três décadas pelos Estados Unidos. Segundo seus defensores, a medida ajudará a manter a segurança ao redor do mundo.
Autoridades dos Estados Unidos e do Icann disseram que o contrato deu a Washington um papel de supervisor simbólico internacional da "zona raiz", na qual são criados novos domínios e endereços.
Seus críticos, entre eles congressistas, alegavam, porém, que isso é um "presente" de Washington para regimes autoritários que poderiam tomar o controle.
O último esforço dos críticos para bloquear o plano, com um julgamento iniciado por quatro estados norte-americanos, fracassou quando um juiz federal do Texas rejeitou publicar uma prescrição para deter essa transição.
Lawrence Srickling, que lidera a unidade que gerencia essas funções no Departamento do Comércio, emitiu uma declaração mais cedo neste sábado, confirmando a transição da Internet Assigned Numbers Autority.
"O contrato das funções do Iana expirou em 1º de outubro de 2016", disse o funcionário. Stephen Crocker, chefe da Icann e um dos primeiros engenheiros a desenvolver protocolos de Internet, celebrou a conclusão do contrato.
"Essa transição estava prevista há 18 anos, com o incansável trabalho da comunidade internacional da Internet, que elaborou um rascunho para uma proposta final para tornar isso realidade", disse ele, em um comunicado.
"Essa comunidade validou o modelo do grupo multidisciplinar para a governança da Internet, que mostra que o modelo de governança está definido com a inclusão de todas as vozes, incluindo os empresários, acadêmicos, técnicos especialistas, sociedade civil, governos e muitos outros, como a melhor maneira de assegurar que a Intenet de amanhã continuará sendo livre, aberta e acessível como a Internet de hoje", acrescentou.
A Internet Society, um grupo formado pelos fundadores da Web que busca manter o sistema aberto, avaliou que a transição é um passo positivo.
"A transição do Iana é uma poderosa ilustração do modelo multidisciplinar e uma afirmação de que o principal para enfrentar desafios da melhor maneira é por meio da transparência e de processos gerenciados em consenso", declarou o grupo em um comunicado.