Como transformar 30 cm de borracha e duas tiras em uma marca mundial? Pergunte ao pessoal da AlmapBBDO, a agência por trás de um dos cases mais emblemáticos da propaganda brasileira: o de Havaianas.

Este case é um dos reposicionamentos de marca mais marcantes do mercado brasileiro. No começo dos anos 90, a Alpargatas, dona da marca Havaianas, passava por dificuldades. Marcello Serpa, sócio da AlmapBBDO já disse em entrevistas que a empresa estava na UTI. Alguns motivos colaboravam para isso: a ascensão da pirataria das sandálias que, já naquela época, eram tradição no Brasil e o surgimento da marca Rider.

As campanhas de Rider, aliás, são assunto para outro Adnews All Stars. Citaremos apenas que a criação era de Washington Olivetto e a W/Brasil em sua fase áurea.

Além dos problemas supracitados, a classe baixa tinha vergonha de usar as sandálias porque, à época, elas carregavam a fama de ser um calçado para pessoas muito humildes. Entretanto, parte da classe média alta utilizava as sandálias sem se preocupar muito com a reputação da marca.

Então, qual foi a ideia da AlmapBBDO e da Alpargatas? Reconquistar os dois públicos: tanto a classe alta como a baixa. Para os mais abastados, a marca começou a veicular anúncios da Sandália em revistas de moda, como a Vogue, utilizando a sandália como um ícone. Na TV, um truque foi feito. Truque antigo, é verdade: testemunhais. Mas eles eram diferentes, as celebridades eram utilizadas como "escadas" para valorizar o homem comum.

Rider começou a perder valor, as Havaianas começaram a ganhar status de algo cult e o boca-a-boca ganhou força. Vale citar que o "buzz" foi causado – também – graças ao trabalho de RP da Alpargatas. O que era um trabalho para salvar a marca se tornou uma reconstrução emblemática.