Investigação da Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) aponta que D. P. de S., 36 anos, utilizou uma pá para matar a própria mãe, na noite da última sexta-feira, dia 27 de dezembro. M. P., 66 anos, foi assassinada na casa onde ela morava, na rua Paulo Hideo Katayama, no Conjunto União, em Campo Grande.
Conforme explicou a delegada Analu Ferraz, responsável pelo caso, durante coletiva à imprensa na manhã desta segunda-feira, no sábado as equipes foram acionadas porque, próximo à residência da vítima, foi localizada uma pá com marcas de sangue. “Possivelmente essa pá teria sido utilizada para cometer o crime. A perícia foi acionada, fez a coleta dessa pá, ela já foi submetida à perícia. Pegamos imagens do local que mostram o autor indo levar a pá”, explicou.
Segundo a delegada, Diego optou por ficar em silêncio no momento de seu interrogatório, mas teve a prisão em flagrante convertida para preventiva. “Estamos construindo elementos firmes de convicção do Ministério Público para que ele seja denunciado e responda pelo feminicídio”, disse Analu, informando que as testemunhas começarão a ser ouvidas hoje.
Questionada sobre a motivação do crime, Analu disse que, pelo fato de D. ter ficado em silêncio, não tem a motivação concreta. “Ele não nos disse as razões que o levaram a cometer o crime, então a gente ainda não tem elementos da motivação dele. Foi uma discussão interna, não sabemos se foi relacionada a dinheiro ou à convivência. Nós vamos começar a ouvir as testemunhas para entender o contexto familiar e quais eram os problemas principais da família”.
Contradição
A autoridade policial revelou que, na noite do crime, os policiais plantonistas da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol chegaram a ir à casa da vítima, porque em um primeiro momento não havia indícios de que o fato pudesse se tratar de um feminicídio.
“Mas depois que a equipe estava no local, foi verificado que o filho estaria como suspeito, até pelas contradições apresentadas por ele, tanto para a Polícia Militar quanto para o Corpo de Bombeiros e vizinhos. A primeira informação que ele passou foi que chegou em casa e encontrou a mãe desacordada e que provavelmente havia sofrido um AVC (acidente vascular cerebral), mas os médicos no local verificaram uma lesão muito grande na cabeça dela e uma lesão de defesa na mão, o que caracteriza que ocorreu um crime”, esclareceu Analu.
Neste ano, outros crimes envolvendo filhos, mães e irmãos foram registrados em Campo Grande. De acordo com a delegada, há casos emblemáticos. “Nós tivemos muitas situações de filho matando mãe, nós tivemos um adolescente, um rapaz que matou a irmã com pedrada na cabeça, casos não relacionados somente a companheiros”, relatou.
Pedra e serrote utilizados na morte de R. foram recolhidos para perícia (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)
Outros crimes - No dia 6 de outubro, um adolescente de 16 anos foi apreendido, suspeito de matar a mãe, R. F. M. de A., de 52 anos, com vários golpes de faca. Os dois moravam juntos em uma casa na Rua Macarai, no Jardim Zé Pereira, em Campo Grande, onde o crime aconteceu.
Segundo a polícia, o cenário encontrado na casa indica que antes do crime houve luta entre mãe e filho. Havia sangue espalhado pelos cômodos. A roupa usada pelo suspeito foi trocada e ficou no local, suja de sangue. Segundo os vizinhos, que não quiseram se identificar, o adolescente era Mirim e parecia ser tranquilo.
Já no dia 22 de março, um homem, de 34 anos, foi preso em flagrante após matar a irmã, R. A. de C. W., 39. O caso aconteceu na Rua Bela, situada no Residencial Vila Bela, na região do Jardim Centenário, em Campo Grande.
Conforme apurado pela reportagem do site Campo Grande News, no local, o autor do homicídio supostamente ligou para a Polícia Militar por volta das 17 horas, dizendo que quatro homens armados entraram em sua residência e mataram sua irmã. Calmo e sem demonstrar reação, o homem chegou a detalhar a fisionomia dos supostos agressores.
No entanto, a equipe que atendeu a ocorrência encontrou roupas sujas de sangue e percebeu que a mão do sujeito estava machucada. Pressionado, ele confessou o crime e disse que deu socos e pedradas na vítima. Na sequência, usou um serrote para cortar o pescoço da irmã.
Outro caso foi registrado no dia 16 de dezembro. Na ocasião, uma idosa de aproximadamente passou mal e morreu depois de ser agredida dentro de casa, no Bairro Giocondo Orsi, em Campo Grande. O filho é suspeito de cometer as agressões. Ele acabou preso após causar confusão com os vizinhos e a Polícia Militar enquanto a mãe era socorrida.
Moradores da região contaram que ouviram agressões momentos antes da morte.