A informação é da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A vacina contra o HPV é capaz de prevenir 70% dos casos de câncer de colo de útero e está disponível na rede pública de saúde desde o ano passado, para meninas e adolescentes entre 9 e 13 anos, e para mulheres com HIV entre 9 e 26 anos. A informação é da Organização Mundial de Saúde (OMS).
No Dia Nacional da Imunização, comemorado dia (9), a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) alerta para a importância da vacinação, e para a queda na procura em 2015, se comparada com a campanha do ano passado.
Para a presidenta da SBIm, a pediatra Isabella Ballalai, a queda é consequência da interpretação equivocada às reações adversas que um grupo de 11 adolescentes teve em São Paulo, no ano passado, após ter tomado a vacina na primeira fase de imunização.
A pediatra admitiu que havia motivo para as famílias se assustarem, em princípio, mas disse que as reações foram analisadas, e ficou comprovado que não foram efeito da primeira etapa da vacina.
“Nenhuma dessas meninas ficou paralítica, todas estão bem, não houve nenhuma doença neurológica, todos os exames foram feitos, e a conclusão é que foi uma situação de estresse coletivo, uma reação esperada quando se vacina adolescentes”, disse a médica, em entrevista à Agência Brasil.
Ela lembrou que, mesmo com as explicações sobre os efeitos positivos da vacina, o impacto da reação inicial prejudicou a adesão ao imunobiológico.
“Quando o problema foi resolvido, isso não chegou com a mesma intensidade com que chegou para as famílias quando aconteceu, e a gente ainda não sabia o que estava acontecendo”.
Isabella indicou ainda um outro fator para a redução na procura. De acordo com ela, no ano passado a primeira etapa foi ao encontro das meninas e adolescentes, com a vacinação sendo realizada nas escolas, diferente deste ano, quando elas precisam ir aos postos de saúde para tomar a vacina em quase todos os municípios do país.
“Em outros países, em que a vacinação de adolescentes acontece com sucesso, a vacina vai até o adolescente. Isso [ir aos postos para tomar a vacina] faz diminuir a adesão.
A mãe trabalha, o pai trabalha, o adolescente não vai sozinho, sábado é complicado. São vários os motivos da rotina que fazem com que a gente não veja o adolescente indo para um posto de saúde.
Vários fatores, somados, fazem com que a gente hoje tenha uma triste realidade, que é uma adesão baixa, de menos de 50% [na primeira dose] das meninas que gostaríamos de vacinar”, afirmou.
A pediatra esclareceu que é preciso manter o esquema de vacinação de três doses. Nas meninas acima de 13 anos, a segunda dose tem que ser dada dois meses após a primeira, e a terceira, quatro meses depois da segunda (0-2-6 meses).
Já para as menores de 13 anos, o esquema vacinal é de seis meses entre a primeira e segunda doses, e de 60 meses para a terceira.
“Se não tomar o mínimo de doses, e não respeitar o intervalo mínimo entre as doses, não há proteção. Para qualquer vacina, se a pessoa não cumprir o número de doses necessárias, não há proteção”, disse
A médica lembrou que, se por acaso a adolescente perder o prazo, não precisa começar tudo de novo. “Se alguém esqueceu de tomar, ou atrasou, tem que voltar ao posto ou à clínica e continuar, mas tem que completar, senão, não há proteção”, disse.
As autoridades de saúde também recomendam a vacina para os meninos, mas neste caso, segundo a presidenta, a vacinação só está disponível na rede privada. Na avaliação dela, esta é uma escolha de política de saúde pública.
Isabella Ballalai explicou que o HPV é causa de 100% dos casos de câncer do colo de útero e, no Brasil, ocorrem 15 mil novos casos por ano.
A médica afirma que é prioridade do Ministério da Saúde vacinar as meninas para prevenir o câncer do colo de útero. “Nos meninos, temos o câncer de pênis e, em meninas e meninos, o câncer de ânus e o câncer de boca.
Mas, com certeza, o impacto de meninos atingidos não é igual ao do câncer de colo de útero das meninas. Então, o governo tem que ter uma prioridade, e a prioridade são as meninas”, destacou.
Ela lembra ainda a mulher adulta também pode procurar a vacinação na rede privada. Ela acredita que, mais que os estudos, a prática comprova que a vacina é segura e eficaz.
“Não é uma vacina nova. É uma vacina aplicada desde 2007 na Austrália, e sem evento adverso grave. É o que a gente vê nos Estados Unidos, na Austrália e na Inglaterra, enfim, em todos os países que adotaram esta vacina.
São mais de 200 milhões de doses aplicadas”, apontou, indicando, ainda, que as autoridades veem um horizonte favorável no combate ao câncer de útero.
“A gente já vê resultado concreto e segurança, sim. E a gente vê uma boa perspectiva para daqui a 20 anos poder dizer que o número de mulheres com câncer de útero caiu”.