Primeiro-ministro israelense afirmou que após a trégua, vai retomar os ataques até "atingir o objetivo" de acabar com o Hamas.

Israel deve continuar com bombardeios por pelo menos dois meses após trégua
Bandeira de Israel. / Foto: Divulgação, Pixabay

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou nessa quinta-feira (23), que os bombardeios israelenses em Gaza continuarão por pelo menos mais dois meses após a trégua para a libertação de reféns - a expectativa é a de que os primeiros sejam libertados hoje. "Depois, os ataques continuarão, porque precisamos completar a vitória e aumentar a pressão para a libertação do próximo grupo de reféns. Serão pelo menos mais dois meses de combates", disse Gallant.

Daniel Hagari, porta-voz do Exército de Israel, disse ontem que o controle da metade norte da Faixa de Gaza marca apenas o fim da primeira fase da guerra contra o Hamas. "Estamos nos preparando para as próximas etapas. Esperamos que, nos próximos dias, nos concentremos no planejamento e no cumprimento das próximas fases da guerra", disse Hagari, uma declaração consistente com a expectativa de uma guerra longa.

Apesar da pressão internacional, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, também afirma que a trégua não significa o fim da guerra. Ele prometeu que, depois do cessar-fogo, vai seguir com a ofensiva até "atingir o objetivo" que é acabar com o Hamas.

Libertação

Autoridades de EUA e Israel confirmaram ontem que a libertação de reféns, que envolve uma trégua temporária, deve ser implementada hoje. Esperava-se que o acordo entrasse em vigor ontem, mas os dois lados admitiram que alguns detalhes atrasaram o processo.

O governo de Israel manteve ontem cautela ao falar do acordo. Hagari sugeriu que ainda pode haver uma reviravolta, que os parentes dos sequestrados foram alertados sobre o risco de o Hamas tentar usar uma tática de "terror psicológico" com os reféns. "Nada é definitivo até que aconteça de verdade", disse o porta-voz do Exército de Israel.

Uma autoridade palestina disse ontem que o atraso se deveu a detalhes de "última hora" sobre quais reféns seriam libertados e como. Nos termos da trégua, o Hamas soltará pelo menos 50 das 240 pessoas sequestradas no dia 7 de outubro.

Em troca, Israel libertará 150 prisioneiros palestinos e permitirá a entrada em Gaza de até 300 caminhões carregados de ajuda humanitária, depois de mais de seis semanas de bombardeios, combates intensos e de um bloqueio total de combustível, alimentos, medicamentos e outros bens essenciais.

De acordo com o governo do Catar, que mediou a negociação entre Israel e Hamas, junto com EUA e Egito, o primeiro grupo a ser libertado terá 13 mulheres e crianças. "Um determinado número de civis será libertado todos os dias até atingir o total acordado de 50 no final dos quatro dias", afirmou a chancelaria do país, em comunicado.

Crise interna
A pausa nos combates será a primeira desde o início da guerra, desencadeada pelo atentado do Hamas, que matou 1,2 mil israelenses. A reação de Israel matou mais de 13 mil palestinos - cerca de 40% das vítimas são crianças. O cessar-fogo traz alívio para os parentes dos reféns, que vinham pressionando o governo israelense pela libertação com protestos, e para os civis palestinos do enclave, que estão sob bombardeio constante.

Mas o acordo com o Hamas também trouxe dor de cabeça para Netanyahu, que teve de conter uma rebelião interna em sua coalizão de governo. Alguns ministros extremistas e religiosos reclamaram das concessões feitas pelo premiê, especialmente o ultraconservador Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional, que chamou o pacto de "imoral". A revolta foi contida graças ao apoio de Bezalel Smotrich, ministro das Finanças.

Biden
A guerra vem consumindo também o apoio de setores do Partido Democrata ao presidente dos EUA, Joe Biden, principalmente dos mais jovens, que criticam a carta branca dada pelo governo americano a Israel. Entre os eleitores democratas com idades entre 18 e 34 anos, impressionantes 70% desaprovam a forma como Biden lida com a guerra, segundo pesquisa da NBC, divulgada no início da semana.

"Biden atingiu um ponto excepcionalmente baixo em sua popularidade, e uma parte significativa disso se deve à forma como os americanos estão vendo suas ações de política externa", disse o estrategista democrata Jeff Horwitt, da Hart Research Associates, que coordenou a pesquisa da NBC.

Com informações de Agências Internacionais.