Alvo da operação Lucro Fácil, empresa alega que foi prejudicada com invasão de corretora de criptomoedas que resultou em prejuízo de R$ 23 milhões
Investigada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) na operação Lucro Fácil, sob acusação de praticar pirâmide financeira envolvendo o mercado de criptomoedas, a MinerWorld nega a irregularidade e afirma ter sido ela vítima de uma fraude que rendeu prejuízo, hoje, na ordem de R$ 23,8 milhões –e que teria ocasionado as reclamações dos investidores que, desde o ano passado, alegam não conseguirem realizar saques de seus investimentos.
A Lucro Fácil foi deflagrada na manhã desta terça-feira (17), levando a ações de busca e apreensão na sede da empresa em Campo Grande. A BitOfertas, instalada na Capital, e a BitPago, de São Paulo (SP), também entraram na mira do Ministério Público. Segundo o promotor Luiz Eduardo Lemos de Almeida, da 43ª Promotoria de Defesa do Consumidor, a MinerWorld oferece alta rentabilidade para atrair investidores para a mineração de bitcoins –na prática, o oferecimento de processamento de operações com criptomoedas mediante pagamento–, mas não entrega o prometido.
Em nota, a assessoria da MinerWorld informou que a empresa “não é, nem nunca foi, uma pirâmide financeira”. Já as dificuldades para pagamento de investidores, segundo a empresa, foi resultado de uma fraude no Poloniex, uma corretora de criptomoedas dos Estados Unidos que no fim do ano passado foi alvo de ataque de hackers –na ação, conforme blogs e sites de notícias sobre o mercado de criptomoedas, foram “roubados” 851 bitcoins, montante que, na cotação de hoje, seria equivalente a R$ 23,8 milhões.
“Desde então, a Miner passou a ter dificuldades para realizar seus pagamentos em dia”, informou a empresa, ao reforçar que outros esclarecimentos quanto a Lucro Fácil “serão prestados em juízo”.
O advogado da empresa, Wilton Celeste Candelório, informou que protocolou pedido para ter acesso aos autos da investigação. Pela manhã, ele esteve na sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) para “entender o motivo da operação”.
“Conversei com o promotor pela manhã a fim de acompanhar os procedimentos e já protocolei pedido para acessar os autos”, disse Candelório.
Lucro Fácil – O MPMS afirma que a MinerWorld começou a ser investigada desde o fim de 2017, quando várias reclamações de investidores sobre dificuldades para sacar valores aplicados foram registradas. A Comissão de Valores Mobiliários já havia feito alerta sobre a empresa: no início do ano, encaminhou parecer à Promotoria apontando indícios de pirâmide financeira na empresa.
As empresas venderiam o serviço de mineração de bitcoins –mediante o investimento inicial mínimo–, mas não entregam. Lemos de Almeida avalia que a saúde financeira das empresas não é boa, o que prejudica os investidores. Ele revelou que o objetivo é conseguir a dissolução das empresas e o ressarcimento aos investidores, incluindo o bloqueio de bens.
Com base em Campo Grande, a empresa recentemente inaugurou uma “fazenda” para mineração de bitcoins no Paraguai. Em seu site, afirma já ter 70 mil investidores em 50 países. Perte deles, nas últimas semanas, tem se manifestado em redes sociais e outros canais de comunicação ou com informações da empresa para apresentar críticas sobre a demora para receberem os valores investidores.
Outros, porém, valem-se de vídeos, como em canais no Youtube, para defender a empresa e dar explicações sobre como funciona o investimento e acerca de datas futuras de pagamento –em uma rápida busca, o Campo Grande News encontrou três usuários que divulgaram vídeos com dados frequentes sobre a empresa.
A reportagem não conseguiu contatar representantes da BitOfertas e da BitPago para comentar a operação.