O mês de maio traz consigo uma nova etapa de vacinação contra a febre aftosa. Embora a campanha não seja exatamente uma novidade para a grande maioria dos criadores, nunca é demais relembrar alguns pontos que fazem toda a diferença para que o processo de vacinação tenha sucesso sem maiores contratempos.
Nesse sentido, o planejamento é essencial, pois como a campanha é regionalizada, o produtor deve estar atento para não perder o período estipulado, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a sua região ou estado, para realizar a vacinação. Por questões epidemiológicas, na maioria das regiões as campanhas ocorrem em duas etapas e para diferentes categorias, sendo mais comum ser dividida em animais de até 24 meses, ou em todo o rebanho, a chamada “etapa cheia” ou “mamando a caducando”. Essa ordem pode variar entre as campanhas, conforme decisão do Mapa.
A conservação da vacina é outro ponto crítico no processo. É fundamental se certificar que a vacina esteja refrigerada, entre 2°C e 8°C, desde a compra até o momento da aplicação nos animais. Isso pode ser feito mantendo os frascos em caixas térmicas com três partes de gelo reutilizável e uma parte de vacina, durante o transporte até o momento da aplicação. Para percursos longos é recomendado levar caixas térmicas com gelo reutilizável adicional para reposição. Na propriedade, o mais indicado é que os frascos fiquem armazenados, até o uso, em um refrigerador com termômetro que indique máxima e mínima temperaturas e que não seja aberto frequentemente.
A febre aftosa é uma doença que afeta animais de casco bipartido, como por exemplo, bovinos, búfalos, suínos, caprinos, ovinos e animais silvestres de casco fendido, mas somente devem ser vacinados bovinos e búfalos, sempre com 5 mL de vacina, independentemente da idade do animal, conforme o calendário de vacinação do Ministério. O local de escolha para aplicação é a tábua do pescoço, mas a vacina pode ser aplicada tanto no músculo (intramuscular) quanto embaixo da pele (subcutânea).
Destaca-se ainda a contribuição de uma boa higiene no resultado final, pois a condição de limpeza do local escolhido para aplicar a vacina, o asseio das mãos do vacinador, a condição das pistolas e a utilização de agulhas limpas, em bom estado de conservação e trocadas frequentemente (a cada 10 animais ou a cada preenchimento da pistola), pode evitar a formação de reações vacinais exacerbadas.
Não menos importante, se deve assegurar que o rebanho esteja saudável, descansado e seja manejado de forma tranquila, de preferência nas horas mais frescas do dia, respeitando seu comportamento natural e assim oferecendo condições para que expresse seu melhor potencial imunológico. É o chamado efeito protetor do rebanho, que pode ser definido como a resistência da população à introdução ou disseminação do agente infeccioso. Por isso é essencial que cada produtor faça a sua parte, pois se apenas um deixar de vacinar todos perdem.
Apesar das perdas severas na produção de carne e leite, a principal perda causada pela febre aftosa é comercial, pela imposição de barreiras comerciais às regiões onde ocorreu o foco, com incalculáveis prejuízos econômicos e sociais. É uma doença que não respeita fronteiras e os países só estarão tranquilos quando todos os vizinhos estiverem certificados como áreas livres com ou sem vacinação. O Brasil, com seus 208 milhões de cabeças, maior exportador de carne bovina e o segundo maior produtor está trabalhando intensamente para tornar isso uma realidade.
Vale notar que é em virtude do esforço conjunto e contínuo de diferentes atores, em campanhas passadas, bem sucedidas, que podemos comemorar nove anos sem a ocorrência de focos de febre aftosa no Brasil. Portanto, as expectativas e resultados positivos de uma “etapa de maio” refletem em todos os elos da cadeia pecuária bovina, culminando no consumidor final. Faça sua parte!