Inaugurado há dois meses, e com grande pompa, o novo Semiaberto de Dourados está fechado e sem data para ser ativado. Faltam agentes penitenciários, segurança no transporte dos albergados e ajustes no prédio. Enquanto isso, o serviço continua sendo prestado em estrutura antiga na área central de Dourados. A nova sede, que hoje está desativada, custou R$ 6.5 milhões em recursos federais.

De acordo com o Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul (Sinsap), faltam agentes. Segundo a entidade, não há como fazer a transferência segura dos mais de 440 albergados, com número reduzido de profissionais.

Segundo a entidade, o Semiaberto conta com apenas cinco agentes penitenciários por turno quando a quantidade ideal seria de pelo menos 14 nestes períodos. De acordo com o presidente da entidade, André Santiago, o servidor não é contra a transferência, porém desde que seja com condições de trabalho. Segundo ele, é humanamente impossível garantir segurança aos profissionais de saúde, educação e até dos próprios agentes, com apenas cinco servidores.

O Sindicato já esteve em Dourados, ocasião que se reuniu com a Câmara de Vereadores e Associação Comercial e Empresarial de Dourados (ACED). O objetivo foi buscar apoio às reivindicações da categoria para o aumento no número de servidores.

Em Dourados, um agente que pediu para não ter o nome revelado, contou que há dois anos ele e mais seis agentes fazem tratamento psiquiátrico contra o pânico sofrido dentro do Semiaberto. “A pressão é muito grande. Ficamos no fogo cruzado entre decisões extremamente rigorosas da administração do Semiaberto e os albergados.

Recebemos ameaças dos dois lados o tempo todo e chegou um ponto da minha vida que fiquei preso em casa com medo de sair na rua. O detento do Semiaberto sai às ruas e tem tempo para saber onde moramos e conhecer nossa família. Hoje, infelizmente, o agente é obrigado, por força de ordem da administração, a cometer crueldades que nada tem a ver com ressocialização. O preso fica revoltado com o agente, não com a administração. Há dois anos não consigo sair nas ruas. Há dois anos vivo de atestados”, revelou.

O presidente da Aced, Antônio Nogueira disse que está aguardando resposta do Governo do Estado em relação as deficiências apontadas pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários, mas que notou certa resistência da categoria em em atuar na nova estrutura porque é mais distante.