Palestra realizada na tarde de terça-feira para estudantes do curso de biologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) em Corumbá (MS) mostrou a importância da profissão e os ganhos tecnológicos incorporados pela aquicultura brasileira nos últimos anos. A pesquisadora Emiko Resende, chefe geral da Embrapa Pantanal, foi convidada pelo professor William Marcos da Silva, da disciplina de invertebrados, para fazer a apresentação.
A pesquisadora Emiko Resende fez palestra para alunos do curso de Biologia na tarde de terçaEmiko liderou um grande projeto de pesquisa no país, chamado Aquabrasil, responsável por um salto tecnológico na aquicultura nacional. Foram 105 pesquisadores envolvidos nos estudos de quatro espécies: tilápia, tambaqui, cachara e camarão marinho. O projeto teve a participação de 16 Unidades de pesquisa da Embrapa, de 22 universidades/instituições de pesquisa e oito empresas privadas. O trabalho foi desenvolvido entre 2007 e 2012.
A palestra começou de modo bastante informal, com a pesquisadora contando um pouco das dificuldades de se fazer pesquisas no Pantanal, incluindo os banhos improvisados e as picadas de mosquito. "Na pesquisa, você toma as decisões corretas de acordo com as informações de que dispõe", afirmou.
Em seguida, a pesquisadora apresentou dados de coletas feitas na Baía do Tuiuiú, um afluente do rio Paraguai, que representa um retrato da diversidade de peixes no Pantanal. Naquele local foram encontradas durante a pesquisa 158 espécies de peixes, correspondentes a 58% do total descrito no Pantanal. "A riqueza e a diversidade se evidenciaram pelos números de exemplares e de espécies", afirmou.
Emiko falou ainda sobre as estratégias de alimentação e de reprodução dos peixes, relacionou a ictiofauna com o pulso de inundação do Pantanal, descreveu algumas plantas macrófitas, que servem de abrigo e alimento para os peixes, bem como alguns insetos e microcrustáceos encontrados aderidos nas raízes dessas plantas. Ela ainda apresentou os principais resultados do projeto Aquabrasil, que estudou o manejo, a sanidade, a genética, a nutrição e o aproveitamento agroindustrial, exemplificando com a tilápia, a espécie mais cultivada no Brasil e no mundo.
Um dos principais avanços proporcionados pela pesquisa foi o melhoramento genético da tilápia, agora identificada como Tilápia Aquamérica, uma espécie que, produzida em cativeiro, pode ser abatida em três ou quatro meses. "O tambaqui também está melhorando bem. Hoje os exemplares estão mais uniformes, mais fáceis de manejar", explicou. Para Emiko, o tambaqui será o peixe do futuro, "aquele ‘made in Bazil', que o país vai exportar", finalizou.