Presidiário ligado a uma facção no Presídio Estadual de Dourados foi flagrado com cocaína e estimulante sexual, em grande quantidade, escondidos num buraco na parede da cela 17 do raio II.

O flagrante ocorreu ontem, durante inspeção no penitenciária de Dourados. Foram apreendidos 235 comprimidos e 41 gramas de cocaína, 19 embaladas para venda que pesaram 13 gramas. Segundo a polícia, o presidiário alega que a droga e o estimulante sexual seriam para uso pessoal. Ele foi conduzido à Delegacia da Polícia Civil e autuado em flagrante por tráfico de drogas.

Conforme noticiado pelo Douradosagora, tropa de choque da Polícia Militar ocupou esta semana o Presídio Estadual de Dourados em ação ostensiva contra uma iminente rebelião. Tragédia anunciada há semanas por conta da superlotação carcerária e da 'operação tartaruga' que os agentes deflagraram por falta de segurança no interior da penitenciária de Dourados. Durante pente-fino, a PM recolheu centenas de armas artesanais, chuchos e outros.

O comandante do 3° Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Carlos Silva, explicou que como o efetivo não atende a demanda local, o Estado reforçou a segurança no presídio. A ação conta com reforço de homens da PM de Dourados.

Conforme noticiado pelo jornal Douradosagora, agentes penitenciários de 7 unidades prisionais de Mato Grosso do Sul denunciaram, semana passada, que estão sendo coagidos por diretores de unidades penais do Estado. De acordo com o Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul (Sinsap), os profissionais que decidiram aderir à paralisação dos plantões extraordinários, estão recebendo ameaças de transferência e corte definitivo do pagamento de horas extras.

A medida dos agentes de não atuar nestes períodos faz parte da “Operação Tartaruga”, que é uma retalhação dos profissionais contra o baixo efetivo e falta de segurança para atuarem. Em Dourados, o reflexo da paralisação foi a suspensão das aulas que acontecem no interior do Presídio Estadual.

De acordo com o presidente do Sindicato, André Santiago, os encaminhamentos de presos para atendimentos no setor jurídico também estão ocorrendo de forma lenta, porque não há efetivo suficiente de agentes para realizarem a escolta.

Em Dourados, a promotoria já recebeu o relatório de déficit de agentes no Semiaberto e Presídio Estadual de Dourado e a categoria aguarda uma resposta da Agepen antes de iniciar a interdição. Ele também diz que a previsão é de que em um mês todas as unidades prisionais estejam “fechadas” para a chegada de novos presos. “O preso terá que ficar nas delegacias, já que presídio é lugar apenas de preso condenado. O problema é que hoje os presídios são superlotados com preso provisório”, destaca.

André diz que os agentes estão trabalhando de forma desumana e arriscando a vida diariamente com os motins e superlotação. De acordo com o Sindicato, o ideal seria que MS tivesse 10.6 mil agentes, o que garantiria para cada um dos quatro plantões diários 2.662 agentes para cuidar dos 13.5 mil presos no Estado por período. No entanto, MS conta apenas com um total de 968 agentes de segurança e custódia; um total de 242 profissionais por plantão, o que totaliza uma média de 1 agente a cada 56 presos. Além dos 968 agentes do sistema carcerário, MS conta com outros 172 profissionais, mas eles estão na função administrativa.

Em Dourados a realidade não é diferente. Com cerca de 15 agentes por plantão, o Presídio Estadual de Dourados tem 2.187 detentos; uma média de um agente para cada 145 presos. O déficit é de 1.540 profissionais no presídio.