Clientes fazem busca por postos de combustíveis que ainda têm estoques na Capital e se deparam com mensagens em aplicativos informando sobre a chegada de gasolina às bombas –que não se concretizou
Muitos postos sem combustíveis fechados ou vazios e, naqules que ainda tinham produtos à venda, filas quilométricas. O sábado (26) começa como previsto pelo Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul), com gasolina, etanol e diesel sendo artigo raro em Campo Grande. Na busca dos clientes pelos combustíveis, troca de mensagens viram auxílio –e martírio, graças à disseminação de informações falsas– para quem está com os tanques dos veículos vazios.
Até a noite de sexta-feira (25), a direção do Sinpetro contabilizava quatro postos na cidade que ainda tinham combustíveis –em um deles, o Corujinha (na avenida Marechal Deodoro, próximo ao terminal Bandeirantes), os estoques acabaram durante a noite. Nesta manhã, a reportagem constsatou que pelo menos cinco tinham produtos.
Ainda na noite de sexta, uma mensagem começou a ser distribuída em aplicativos informando que uma rede de Campo Grande havia recebido combustíveis e, desde esta manhã, teria combustíveis à venda. Em dois postos do Grupo APN –na avenida Tiradentes e na rua Brilhante, ambos na Vila Bandeirantes–, a informação foi contestada.
Na Tiradentes, um frentista disse ao Campo Grande News que não havia sido informado sobre nenhum carregamento. “Não tem como, porque a refinaria está fechada”, afirmou. Segundo ele, caso houvesse a ainda desconhecida possibilidade de reabastecimento durante o dia, isso só ocorreria depois das 9h.
Já na Brilhante gerentes e funcionários recebiam os motoristas com um sinal de negativo, informando que os reservatórios estavam zerados. Alguns condutores já manobravam para entrar no estabelecimento, demarcado com cones justamente para impedir que os veículos emparelhassem com as bombas.
A reportagem não conseguiu contato com a direção do Grupo APN para comentar a informação.
Filas – Em outros postos onde ainda havia gasolina, condutores se amontoavam na expectativa de conseguirem abastecer. Muitos dos estabelecimentos decidiram racionar a quantidade de combustível à venda –a quantidades como 20 litros ou quantias de até R$ 50 –que permitia abastecer pouco mais de dez litros, considerando-se o preço máximo de R$ 4,49 praticado pela maioria das revendas.
Mesmo assim, as filas se fizeram presentes. No JD da rua Rui Barbosa, na esquina com a rua 26 de Agosto, no Centro, clientes relatavam que a fila chegou a invadir a contramão, estendendo-se por várias quadras.
O mesmo ocorria em um posto no cruzamento das ruas Joaquim Dornelles com a 26 de Agosto, no Amambai, e em uma revenda na avenida Guaicurus (no Monte Alegre). No posto Makro, na avenida Cônsul Assaf Trad –no Jardim Montevidéu, norte da cidade e quase na saída para Cuiabá, clientes chegaram ainda na noite de sexta e dormiram na fila.
Já o TAG da avenida Mato Grosso, no Vivendas do Bosque, registrava na noite de sexta-feira fila que se estendia por cerca de dez quadras, da rua Canandirina até a rua Ceará. Neste sábado, os clientes se perfilaram dentro do bairro: mais de 200 veículos, entre automóveis e motocicletas, aguardavam em duas quadras da Canandirana e na Gonçalo Alves. A espera chegava à Via Parque.
Um motoentregador, que preferiu não se identificar, contabilizava meio tanque em sua moto depois de ter abastecido na quinta-feira (24). “Se precisar falo com o patrão do meu outro emprego dizendo que vou me atrasar”, afirmou, prevendo ficar até as 9h no local. Apesar do transtorno, ele ainda demonstrava simpatia com os caminhoneiros –cuja greve bloqueou estradas e causou o desabatecimento de combustíveis e outros produtos em supermercados. “Só espero que tudo isso não seja em vão. A gente entende porque está difícil para todo mundo e tem de mudar alguma coisa”.
No posto, frentistas diziam que, mesmo com a alta demanda, a expectativa era de que os estuqoes de combustíveis durassem até o sábado. A reportagem tentou, ao longo de sexta-feira, contato com representantes da TAG Distribuidora em Campo Grande, a fim de comentarem a situação dos estoques, sem sucesso.