Cerca de 70 pesquisadores de dez estados participam até amanhã (7), no Museu de Astronomia de Ciências Afins (Mast), em São Cristóvão, zona norte do Rio, do 4° Seminário sobre Preservação de Patrimônio Arqueológico. O evento, aberto na quarta-feira (5), debate vários temas ligados à área,  com destaque para as novas tecnologias, como a digitalização em 3D, abordada em conferência feita hoje (6).

Atualmente, existem muitas técnicas de reconstrução 3D aplicadas à documentação do patrimônio arqueológico no Brasil. O próprio Mast  desenvolve, em parceria com o Laboratório de Computação Gráfica da Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (COPPE/UFRJ) e pesquisadores do Visual Computing Lab da Itália, projetos de modelagem e digitalização complementares à tarefa de restauro.

“Na arqueologia, é um grande avanço, porque exclui o uso de técnicas tradicionais de moldagem de gesso, que podem comprometer a integridade dos artefatos”, explicou Guadalupe Campos, pesquisadora do Mast e coordenadora do seminário. Ela diz que a pesquisa ainda inédita no Brasil, desenvolvida por pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e do Mast, de um sensor de baixo custo, que usa um método eficaz e econômico capaz de fazer reconstruções em 3D.

“A pesquisa utiliza dados adquiridos pelo sensor Kinect de artefatos metálicos resgatados de um sítio arqueológico funerário localizado na Igreja São Gonçalo Garcia e São Jorge, no Rio de Janeiro. Esses dados podem ser utilizados para criar e disseminar réplicas digitais. O Kinect possui grande potencial, pois tem um preço acessível em comparação com outros sensores, como o Laser Scanner”, descreveu a pesquisadora. O Kinect é um sensor de movimentos, que já vem sendo utilizado por equipes no exterior para digitalizar em 3D sítios arqueológicos e artefatos.

Outro destaque no seminário são as discussões em torno dos modos de conservação de peças encontradas em escavações arqueológicas, como moedas, brincos e botões. Um exemplo disto ocorre quando um arqueólogo retira um objeto metálico enterrado há décadas no solo, de um local onde havia um equilíbrio com o ambiente que  mantinha essa peça em certa estabilidade. Com a mudança brusca, existe a possibilidade do processo de deterioração de determinadas peças ser acelerado drasticamente.

Em uma iniciativa inédita no País, o Mast desenvolve pesquisas para determinar a implantação e a divulgação de procedimentos de conservação adequados para esse tipo de objetos. O projeto é feito em parceria com o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), a Escola de Engenharia Metalúrgica (PUC-Rio), o Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) e o Laboratório de Instrumentação Nuclear da Coppe/UFRJ.

Além das conferências, o seminário tem a apresentação de 26 trabalhos e o lançamento do livro  Lagoa Santa: História das Pesquisas Arqueológicas e Paleontológicas, dos pesquisadores Pedro Da-Gloria, Walter A.Neves e Mark Hubbe.