O assunto é sério, há muita informação a respeito, mas como se não bastasse o desafio de sensibilizar os pais para que protejam seus filhos nos dispositivos de segurança para as crianças no carro, eis que surge um novo: como fazer com que as crianças se mantenham seguras no dispositivo com o cinto.
Para as ações do Maio Amarelo em Blumenau elaboramos formulários de multa moral para as crianças aplicarem aos pais que não as protegem em uma série de situações no trânsito, e uma delas é a cadeirinha.
Mas, para nossa surpresa, muitos pais perguntavam: tem formulário para multar a criança que se recusa a ficar na cadeirinha com o cinto?
Para aproveitar a abordagem e o diálogo de conscientização, muitos pais revelaram que diante da teimosia da criança, que chora, que grita, que faz birra, eles acabam permitindo que o filho viaje por longos trechos sem a proteção obrigatória.
Alguns, diziam que o máximo que conseguiam era negociar com o filho para mantê-lo no dispositivo adequado ao seu peso e idade, mas sem o uso do cinto. Ao serem esclarecidos que isso e nada era a mesma coisa, alguns ficaram surpresos.
O fato é que as crianças estão tendo cada vez mais participação em todas as decisões da família: elas decidem não só as compras de material escolar, mas também as aquisições, tamanho da TV, a cor do carro, e, infelizmente, se vão ou não usar o cinto de segurança.
Esse empoderamento da criança do século 21 na família é tão grande, que chegamos a ver filhos de professoras batendo o pé, fazendo birra, gritando e tendo sua vontade feita pela permissividade dos pais.
Justamente, o que elas tanto combatem em sala de aula quanto ao comportamento dos alunos diante da permissividade de outros pais, esse mal que afeta independente de uma série de fatores e condição social.
Como diria minha avó naqueles tempos de outrora: “criança pequena” não se governa e tem que obedecer os pais. Mas, o que vemos nesse mundo moderno são os pais obedecendo aos filhos que tanto amam, mesmo que isso custe a proteção deles na vida e no trânsito.
Desde que o mundo é mundo é o adulto que educa a criança, mas a permissividade, esse mal do século, vem atrapalhando muito e invertendo as coisas.
Ao mesmo tempo em que se aposta na criança como agente central da educação para o trânsito nas escolas para que, em respeito à elas, os adultos passem a fazer a coisa certa, é essa mesma criança que mostra, inocentemente, o poder que tem para influenciar os adultos às avessas.
Basta uma labilidade, uma cara feia, um choro ou mesmo um grito que os papais e mamães condutores afrouxam, relaxam e fazem o que os pequenos querem.
Cadeirinha, assento ou booster sem uso do cinto de segurança e nada é a mesma coisa: não protege e na primeira freada o pai vai ver o filho ser arremessado contra o banco da frente do veículo.
Dependendo da velocidade, o impacto e as consequências serão as mesmas de ser arremessado contra um muro de tijolos.
Dependendo do caso, os pais, dos bancos da frente, verão seus filhos atravessarem o parabrisas e pararem à frente do veículo depois de terem o corpinho lançado no asfalto.
Com criança se negocia, mas de uma forma que prevaleça a necessidade de segurança. Os filhos podem até ajudar a decidir muitas coisas na família, mas no trânsito não, e os pais precisam saber dizer não para seus filhos e a construir limites.
Muitos, agem permissivamente por conta do pouco tempo que têm para ficar com seus filhos, por conta do excesso de trabalho, das agendas lotadas e até por chegarem em casa quando os filhos já estão dormindo e saírem de manhã bem cedo antes que a criança acorde.
O único tempo livre para brincar com eles, interagir e passear acaba sendo aos finais de semana e, é aí onde mora a permissividade.
Quando a criança ainda é muito pequena, acostume-a aos dispositivos de segurança com o cinto afivelado.
Ficará mais fácil ela compreender a necessidade de estar segura e protegida no trânsito. Converse com seu filho e explique sobre a necessidade do cinto para mantê-la protegida durante a viagem.
Tente distrair seu filho com um brinquedo preferido, converse, explique, seja claro nas suas exposições, mas não aterrorize a criança com a realidade nua e crua dos acidentes.
Lembre-o daquela ocasião em que caiu e se machucou em casa ou no parque e o quanto doeu. Construa limites com seus filhos, começando pela necessidade de manter o cinto de segurança afivelado.
Se a criança chorar, gritar, bater pé, fazer birra, pense em algo que ela gosta muito e diga com firmeza, em tom de voz baixo e amoroso que vai privá-la daquilo.
Mas, diga e faça para que a criança saiba que você está falando sério. Sempre explique os motivos de tudo. Seu filho precisa saber desde cedo que você o ama e se importa com ele.
Com segurança no trânsito não se brinca e desde que o mundo e mundo são os adultos que educam as crianças.
Mas, esteja sempre atento para as ocasiões em que uma criança lhe chamar à atenção e cobrar mais cuidado e cautela com ela. Na vida e no trânsito.