Pesquisa da Kaspersky Lab integra campanha para conscientizar as pessoas sobre os riscos que elas estão expostas na internet e nas redes sociais quando agem despreocupadamente
De acordo com nova pesquisa da Kaspersky Lab feita com internautas em seis países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru, 23% dos latino-americanos lamentaram compartilhar uma publicação nas redes sociais por conter imagens vergonhosas de si mesmos ou de outras pessoas em festas ou situações sociais. Outros 19% lamentaram a postagem porque ela continha informações pessoais relacionadas à sua moradia, família, trabalho, localização ou contas bancárias e quantias em dinheiro. Enquanto isso, 18% se arrependem de ter publicado comentários negativos para outros usuários em relação à sua personalidade, etnia ou sexo. No entanto, apenas 6% se arrependem de ter publicado fotos com pouca roupa.
Em relação a este último dado, 30% dos latino-americanos estariam dispostos a publicar uma foto nua nas redes sociais por dinheiro, dos quais 44% correspondem a homens e apenas 17% a mulheres. Os argentinos são o povo que lideram este quesito, com 45% dos internautas dispostos a fazê-lo, seguidos pelos mexicanos (31%) e chilenos (27%). Em seguida estão o Brasil (26%), Peru (25%) e Colômbia (24%).
O relatório é o primeiro estudo exclusivamente regional, em conjunto com a consultoria de pesquisa de mercado CORPA, para analisar os usuários de dispositivos móveis com relação ao cibercrime e cibersegurança na América Latina. O estudo faz parte da campanha Ressaca Digital, promovida pela empresa para conscientizar as pessoas sobre os riscos as quais estão expostas na internet e nas redes sociais quando agem despreocupadamente.
O principal objetivo da campanha Ressaca Digital é evitar que os usuários se arrependam após realizar um post, nova conexão ou download por impulso, reduzindo assim possíveis vazamentos de dados pessoais, roubo de identidade, viralização de imagens íntimas, perdas financeiras ou a violação de direitos do menor de idade.
O título "Ressaca Digital" vem da inspiração no próprio comportamento dos usuários quando estão em uma festa em suas redes sociais. "Por exemplo, eles fornecem muitos dados pessoais e bancários e confiam mais do que deveriam no desconhecido. No dia seguinte, essa ressaca, pouco a pouco, os faz lembrar dos erros e imprudência – e já não há como voltar atrás", explica Dmitry Bestuzhev, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da Kaspersky Lab na América Latina.
Daqueles que estão dispostos a publicar imagens sem roupas, 58% são argentinos versus 33% das argentinas . Em seguida aparecem os homens mexicanos com 48%, em comparação com 16% das mulheres mexicanas, e os peruanos com 42%, contra 12% de suas compatriotas femininas. Depois, aparecem os brasileiros (41%), chilenos (39%) e, finalmente, colombianos (35%).
Para Carlos Araos, Ph.D em Ciências da Informação e especialista em ciberpsicologia na Universidade Adolfo Ibáñez no Chile, esse comportamento arriscado de alguns usuários está relacionado ao papel da internet na América Latina. "O que aprendemos com base em outros estudos é que, em comparação com outras regiões onde o uso da internet foca-se na busca por informações ou para entretenimento, os adolescentes e jovens-adultos latino-americanos usam a internet para se manter em contato com seus pares e grupos de amigos com a mesma faixa etária. Neste contexto, a importância que damos às plataformas digitais é criada com base na imagem que queremos transmitir de nós mesmo ou, pelo menos, no controle em que somos percebidos pelas outros. Em outras palavras, nossas vidas digitais é pautada em compartilhar uma parte de nós mesmos e, eventualmente, chegamos a ignorar a preocupação com relação à privacidade", afirma o especialista.
O acadêmico acrescenta ainda que o percentual de pessoas em cada país que aceitaria publicar fotos íntimas é muito elevado se considerarmos o uso potencial e descontrolado que pode ser feito com as imagens, principalmente nas redes sociais.
Intimidade em risco
A pesquisa identificou ainda que outros 43% dos entrevistados afirmaram ter recebido imagens íntimas de pessoas próximas. Além disso, a investigação revelou que 27% afirmaram ter tirado fotos ou filmado a si mesmo em uma situação íntima com seu dispositivo móvel – e 32% deles são jovens entre 18 e 24 anos.
Identificou-se ainda que, em média, mais de 70% dos entrevistados armazenam suas fotos e vídeos em seus celulares e que 40% compartilham a senha do aparelho com outra pessoa – situação que pode levar a um vazamento de informações e exposição indesejada. Além disso, 28% dos entrevistados aceitariam dar sua senha e o dispositivo móvel a um estranho por 15 minutos em troca de 20 mil dólares.
"Os respondentes justificam esta decisão porque sabem que mais tarde poderão trocar sua senha, mas a verdade é que compartilhá-la com terceiros, mesmo que sejam familiares ou amigos, é o primeiro passo para acabar, eventualmente, sendo vítima de roubo, chantagem ou golpe. Se a senha fosse a chave para nosso diário, compartilharíamos ela facilmente com os outros? Certamente não e é isso que devemos fazer com as senhas dos nossos smartphones, PCs ou tablets: mantê-las seguras e protegidas", ressalta Bestuzhev.
Em relação ao comportamento das informações nas redes sociais, a pesquisa mostrou que um terço das pessoas possuem um perfil público no Facebook – sendo que 37% deles tem entre 35 e 50 anos. Em relação às contas do Instagram, mais da metade dos latino-americanos usam um perfil público, principalmente jovens entre 18 e 24 anos (39%). O risco aumenta se considerarmos que, em média, 80% dos latino-americanos deixa seus perfis em redes sociais logados em seus dispositivos móveis.
"O risco de ter um perfil público reside no fato de que informações pessoais podem ser vistas por qualquer pessoa e a o proprietário desconhece as intenções de quem o visita e qual será o uso que esta pessoa dará às fotos ou dados publicados", explica Bestuzhev.