Cidade é a que mais tem casos confirmados do novo coronavírus, com 1.197 dos 3.551 no Estado.
Concentrando o maior número de casos do novo coronavírus (Covid-19) no Estado, Dourados tem sido o foco de autoridades no combate a transmissão da doença, mas alguns vereadores do município têm criticado a postura da prefeita Délia Razuk (PTB). Ouvidos pelo Correio do Estado, representantes do Legislativo classificaram, sem se identificar, a administração da cidade como uma "bagunça" e uma "disputa de egos".
Conforme o presidente da Câmara Municipal de Dourados, Alan Guedes (Progressista), existe um esforço por parte da prefeita, mas falta coordenação nas ações. "Aprovamos a lei da obrigatoriedade de máscara em maio, está vencendo o prazo de sanção e está na prefeitura e não foi sancionada. As ações ficam um pouco morosas".
O vereador criticou ainda que mesmo com a lei aprovada no Legislativo e já encaminhada à administração municipal, a prefeita publicou em decreto ontem a obrigatoriedade do uso de máscara em locais públicos. "Quando uma lei é aprovada ela chega na prefeitura e tem o prazo de 15 dias uteis para sancionar ou vetar o projeto. Pode usar dois dias se quiser, três, vai vencer na quinta o prazo e estamos aguardando porque vamos promulgar", ressaltou o vereador.
Guedes disse ainda que falta atenção com as cobranças que a Câmara tem feito a prefeitura e destacou a falta de barreiras sanitárias nas rodovias de acesso à cidade. "Só tem uma barreira, só para Itaporã. Quem vem de Campo Grande só tem se vier por Maracaju. Quem vem pela BR-163 e pela BR-463 não tem. Dourados é um polo de prestação de serviços de 32 municípios, a gente vê placas de carro da região, precisa apertar as ações".
Questionado se a Câmara Municipal tem acompanhando a situação dos povos indígenas e dos mais de R$ 305,5 milhões que a Missão Evangélica Caiuá recebeu para investir na saúde indígena, e ainda os R$ 202,6 milhões que deve receber até 2021 por meio de nove convênios, todos para o Estado, e das três aldeias que tem na cidade, Guedes disse que foi realizada uma ação com a secretaria de Saúde e o frigorífico que teve os primeiros casos confirmados. "É uma questão que estamos acompanhando e de maneira delicada. Tem muitas casas que não têm acesso à água encanada, localidades dentro da reserva que não chega e andam para chegar em poços. As aldeias Bororó, Jaguapiru e Panambizinho têm problemas crônicos e afeta ainda mais com o Covid".
Outro vereador que criticou atos da administração municipal, foi o representante do PT, Elias Ishy. Segundo o parlamentar, mesmo com um comitê para ações ao combate a Covid-19 a prefeitura não abrange todos os seguimentos e deixa de fora os agentes de saúde e de endemias. "Eu acho que falta um pouco de coordenação por parte da prefeita, os agentes comunitários e de endemias estão fora do enfrentamento e são as pessoas que trabalham nos bairros, tem contato com todo mundo e não fazem parte do comitê de gerenciamento da pandemia. São ações como esta que vai somando no geral".
O vereador citou ainda a lei que não foi sancionada sobre o uso de máscaras. "Já pedimos tanto para incluir os agentes, os representantes dos trabalhadores, aprovamos uma lei que obriga a utilizar máscaras, tem quase 20 dias que aprovou e não sancionou a lei. A prefeita fica muito isolada, quer dar conta sozinha, não considera os parceiros institucionais, falta considerar, falta ouvir, todo mundo quer ajudar, mas a pessoa não quer o que pode fazer?", questionou.
Ainda segundo informações do vereador, a Câmara Municipal de Dourados disponibilizou R$ 150 mil a disposição para a prefeitura utilizar no combate ao Covid-19. "Está lá, até hoje não foi utilizado, falta um pouco de coordenação dos trabalhos. Eu tenho bom diálogo com todo mundo, embora eles não ouvem, a gente acaba desistindo".
O vereadores disseram que pediram ajuda dos deputados estaduais e do coordenador da bancada federal de Mato Grosso do Sul, senador Nelson Trad Filho (PSD), para combater a doença.
"Conversei com o diretor da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Coronel Robson, do Ministério da Saúde. Ele disse que está vendo a possibilidade de fazer um hospital de campanha na aldeia de Dourados e que os grandes técnicos indicam que precisa", disse Trad sem um prazo para a instalação de hospitais de campanha no município.
O deputado estadual José Carlos Barbosa (DEM) - que tem base eleitoral em Dourados - afirmou que destinou emendas para a saúde da cidade e também revindicou ao governo do Estado e a bancada federal hospitais de campanha para receber os indígenas contaminados com a Covid-19. "Destinei emendas e recursos para ajudar. Não é hora de discurso no sentido de encontrar culpados. É preciso ter unidade no discurso. Paralelo a isso temos que estruturar Dourados enquanto temos vagas nos leitos de UTI", ressaltou.