"Tenho TDAH e não é vergonha me medicar para isso, não temo que as pessoas saibam", disse a ginasta americana Simone Biles, de 19 anos, após ser revelado que ela está incluída no programa de Isenções de Uso Terapêutico (TUE) da Agência Mundial Antidoping (WADA).
"Eu tenho TDAH desde que era criança. Por favor, saibam que sou a favor do esporte limpo, que sempre segui as regras e que continuarei a fazer isso porque o fair play é fundamental no esporte e é muito importante para mim", escreveu em mensagem anterior Biles, vencedora de cinco medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é uma alteração do comportamento que se trata com remédios psicoestimulantes.
Qualquer atleta que precise tomar uma medicação proibida pelo Código Antidoping de forma contínua ou esporádica pode continuar o tratamento desde que tenha uma Isenção de Uso Terapêutico.
Segundo as regras da WADA, para conseguir essa autorização é necessário prencher um formulário e apresentar um relatório médico à federação internacional do esporte ou à agência nacional antidoping, pelo menos 30 dias antes da competição.
A isenção é concedida caso a saúde do atleta seja prejudicada sem a medicação; se o remédio não produzir uma melhora significativa de seu rendimento; se não houver um tratamento alternativo; e se a necessidade desse remédio não for consequência de uma infração por não dispor da isenção.
A WADA confirmou na terça-feira que tinha sido vítima de um ataque virtual, pelo qual acusou o grupo de espionagem russo chamado Tsar Team (RPT28), também conhecido como 'Fancy Bear'.
Segundo a agência, o grupo acessou ilegalmente a base de dados do Sistema de Administração e Gestão Antidoping (ADAMS) através de uma conta do Comitê Olímpico Internacional (COI) criada para o Rio 2016.
Os hackers acessaram informações de atletas, inclusive dados médicos confidenciais, como isenções por uso terapêutico de remédios nos Jogos Olímpicos autorizadas por federações internacionais e organizações nacionais antidoping.
Junto a Simone Biles, os invasores citaram como beneficiárias de isenções as tenistas Serena e Venus Williams e a jogadora de basquete Elena Delle Donne, também americanas.
O presidente da Federação de Ginástica dos Estados Unidos, Steve Penny, afirmou em comunicado que "Simone apresentou a documentação adequada segundo os requisitos de USADA (agência antidoping americana) e WADA e não há infração".
"A Federação Internacional de Ginástica, o Comitê Olímpico dos Estados Unidos e a USADA assim confirmaram. Simone e todos na ginástica dos Estados Unidos acreditamos na importância do fair play", informou.
A USADA lamentou que "os hackers possam obter ilegalmente informação médica confidencial, em uma tentativa de desprestigiar os atletas e que pareça que fizeram algo errado".
"Não fizeram. Na verdade, fizeram tudo certo ao seguirem as regras para obter uma permissão para tomar uma medicação que necessitavam. As respectivas federações internacionais deram essa permissão, reconhecida por COI e USADA", disse a organização em comunicado.
A nota acrescenta que "já é hora de a comunidade internacional dar um basta e condenar este ataque virtual contra o esporte limpo e os direitos dos atletas". O Kremlin negou qualquer envolvimento dos serviços de inteligência russos na invasão.
A Federação Internacional de Tênis (ITF) confirmou que os documentos revelados pelos hackers são "autênticas isenções terapêuticas" concedidas "como parte do programa antidoping do tênis e de acordo com os padrões internacionais da WADA".
"Estamos trabalhando com a WADA para estabelecer a natureza e a extensão desta decisão de segurança e faremos mais comentários conforme reunirmos mais informação", acrescentou o órgão.
A associação feminina de tenistas profissionais (WTA) emitiu um comunicado no qual seu diretor-geral, Steve Simon, afirma que "o programa de procedimentos antidoping do tênis é muito rígido e é plenamente apoiado pelas atletas".
"Estes procedimentos permitem que as atletas solicitem uma Isenção por Uso Terapêutico (TUE) quando há uma necessidade legítima por um problema médico. Essas isenções só podem ser autorizadas por um júri médico independente que revisa cada caso separadamente", acrescenta.
Simon entende que "estes episódios delitivos significam uma violação da privacidade e erroneamente puseram em questão a reputação de atletas que cumpriram regras que garantem o mais alto nível de integridade que nosso esporte mantém".
"Apoiamos plenamente os esforço da WADA em sua investigação conjunta com as autoridades", afirmou Steve Simon.
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