Não é recente a busca por melhores táticas de prevenção à infecção pelo HIV, além da tradicional recomendação de uso de preservativo em todas as relações sexuais, incluindo o sexo oral.

A ideia se intensificou após a criação de medicamentos cada vez mais eficazes e com menores efeitos adversos.

A ciência trabalha com o conceito de que medicamentos podem ser usados por pessoas saudáveis para prevenir a infecção de algumas doenças. Este conceito é conhecido como quimioprofilaxia.

A partir de 2010 foram publicados os primeiros os estudos de quimioprofilaxia mostrando sucesso no combate à transmissão ao HIV. Desde então, novos estudos estão sendo realizados e novas propostas de prevenção são discutidas.

No começo de Julho 2014, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez uma recomendação do uso de quimioprofilaxia através de uma combinação de antirretrovirais para tentar diminuir a transmissão do HIV entre os homens que fazem sexo com homens (HSH), transgêneros femininos, usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo e pessoas que estejam em privação de liberdade no sistema prisional.

A profilaxia seria feira com a combinação dos antirretrovirais Tenofovir e Emtricitabina, unidos em uma pílula única.

Os pacientes submetidos a esse tratamento deveriam tomar diariamente um comprimido da medicação ao dia, por tempo indeterminado.

A isso se deu o nome de Profilaxia Pré Exposição Sexual (PrEP). Todos tem que ser avaliados periodicamente a fim de rastrear possíveis efeitos adversos da medicação.

Ainda não se sabe a longo prazo todos os efeitos adversos que esse tratamento pode acarretar, visto que essa medicação foi liberada para uso no tratamento do HIV somente a partir de 2004.

É corajosa a postura da OMS de se colocar a favor da quimioprofilaxia e sugerir a implementação desse ato em todo mundo, visando diminuir os novos casos de transmissão pelo HIV.

Apesar de a epidemia estar com sua incidência controlada nos últimos anos, os números não mostram o mesmo no grupo sugerido da quimioprofilaxia.

Nos casos de mulheres transgêneros, existe uma chance de 50 vezes mais de se contaminar com o HIV do que a população geral.

Um recente estudo realizado na cidade de São Paulo mostrou uma prevalência de até 30% de contaminação pelo HIV em um grupo HSH que frequentam o centro da cidade, sendo que a prevalência geral no Brasil segue em torno de 0,5% de acordo com o Ministério da Saúde.

Apesar de se mostrar eficaz na redução da contaminação pelo vírus HIV, outros métodos de profilaxia, como o uso de preservativo, devem ser sempre muito estimulados.

Também é preocupante a postura de medicalização do problema e a inexistência de políticas de prevenção para o grupo HSH no Brasil e em todo mundo.

Existem muitos argumentos prós e contras essa prática, no entanto, ficamos felizes que novos métodos de proteção estejam surgindo na luta contra o HIV.

Ainda há muito a se fazer nesta questão, passando por educação sexual, políticas de saúde pública de prevenção eficazes e combate ao preconceito e discriminação.

No Brasil já estão acontecendo novos estudos para avaliar a eficácia da quimioprofilaxia como método de prevenção ao HIV e a discussão da introdução desse método nos serviços de saúde.