Cateto, que tinha quatro PMs em sua quadrilha, foi condenado por ser dono de 412 kg de cocaína e 3,2 mil kg de maconha.

Aliado de Beira-Mar, megatraficante é condenado a 27 anos de cadeia
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Apontado como proprietário de um carregamento de 412 quilos de cocaína e de uma carga de 3.267 quilos de maconha, o megatraficante Eliandro Fernandes do Amaral, mais conhecido como Cateto, foi condenado a 27 anos de prisão pelo juiz Alysson Kneip Duque, da comarca de Bonito, em decisão assinada na última segunda-feira (17). 

Cateto, que já tinha duas outras condenações por narcotráfico que somavam 35 anos de reclusão, é irmão mais novo de José Elias Fernandes do Amaral, o “Bagual”, que era um dos maiores traficantes da região de fronteira e que foi executado em Amambai em dezembro de 2008.

Esse Bagual, por sua vez, era apontado como "braço-direito" do traficante Fernandinho Beira-Mar. Depois da morte do irmão mais velho e da prisão de Beira-Mar, o traficante Cateto teria dado sequência aos “negócios” dos dois em Mato Grosso do Sul e no Paraguai. 

Apesar das duas condenações anteriores, Cateto estava no regime semiaberto e voltou para o regime fechado após ser capturado em setembro de 2023, pelo Gaeco ( Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado), na operação “Paraíso Marcado”. 


Esta operação acabou revelando que quatro policiais militares de Bonito (Mariosval de Souza, Carlos Roberto Dias Pereira, Eric Rafael Amaro Vieira e Davy José Martines), todos condenados pela Justiça em outubro do ano passado, estavam a serviço da quadrilha comandada por Cateto. Um dos policiais pegou pena de 16 anos, outro de dez e os outros dois, de 5,5 anos de prisão.   

Eliandro já tinha duas condenações por narcotráfico que somam 35 anos de prisão
Apesar de dizer que era funcionário de uma fazenda em Bonito, a investigação do Gaeco apontou que ele era proprietário de carros de luxo, fazenda, chácara e joias caras. Os investigadores comprovaram que ele é proprietário, entre outros imóveis, de uma fazenda de 2.912 hectares no município de Porto Murtinho. 

Na fazenda existe, inclusive, uma pista clandestina para pouso de pequenas aeronaves. E, apesar de não ter sido feito nenhum flagrante, a suspeita é de que ele utilizasse a pista para trazer cocaína do Paraguai, Bolívia e da Colômbia. 

As apreensões que agora levaram à condenação de Cateto ocorreram em agosto de 2017 (412 kg de cocaína, em Campo Grande) e em maio de 2022 (3,2 kg de maconha, próximo a Bonito).  Porém, conforme um dos envolvidos na quadrilha, Cateto teria feito pelo menos outras cinco grandes remessas de drogas depois que passou para o regime semiaberto. 

Mas, como não existem provas sobre estas remessas, ele nem mesmo pode ser acusado formalmente por estes volumes. Policiais que atuaram na investigação apontaram, em seus depoimentos judiciais, que Cateto vivia do narcotráfico desde 2002, seis anos antes da morte do irmão mais velho. 

E, por conta das duas apreensões que levaram à condenação de Cateto, outros três integrantes da quadrilha foram punidos a penas de 24 anos e 6 meses; 14 anos; e 5 anos de prisão. Um destes está foragido. 

A denúncia inicial envolveu 14 réus, entre eles um ex-vereador de Bonito (Erregiano da Rosa), mas o caso foi desmembrado e a decisão publicada no começo desta semana deu destaque ao chefe da quadrilha, delatado por conta de diálogos no whatsapp encontrados em celulares apreendidos nos dias dos flagrantes.