O consumo de alimentos gordurosos, além de causar ganho de peso e problemas cardiovasculares, pode também impactar sobre a saúde mental e levar à depressão. Esta é a conclusão de um estudo recente da Universidade de Louisiana, nos Estados Unidos, publicado na revista Biological Psychiatry.
Para apoiar essa hipótese, os cientistas implantaram a flora intestinal de ratos obesos (alimentados com uma dieta rica em gordura) em ratos saudáveis. Depois de uma série de testes, os roedores mostraram sinais de ansiedade, bem como enfraquecimento da memória. Além disso, eles mostraram um tipo de inflamação do cérebro, recentemente associado com o desenvolvimento da depressão.
A atuação dos alimentos gordurosos no organismo
De acordo com o chefe do Serviço de Psiquiatria Faculdade de Medicina da Universidade de Yale (EUA) e editor da revista Biological Psychiatry John Krystal, este estudo sugere que dietas ricas em gordura afetam a saúde do cérebro e rompe a relação simbiótica entre os seres humanos e os micro-organismos que ocupam nosso aparelho digestivo.
Em setembro de 2014, um estudo australiano também havia demonstrado as consequências danosas de uma dieta rica em gordura e açúcar na saúde mental. De acordo com esses especialistas, a ingestão desses alimentos piora os sintomas depressivos.
Especialistas explicam que o açúcar e a gordura são transformados em carboidratos. Eles por sua vez, são responsáveis pela produção de serotonina, hormônio responsável pela sensação de bem-estar. Segundo o imunologista italiano e autor de vários livros sobre alimentação e saúde, o consumo em excesso de carboidrato faz com que o organismo eleve repentinamente os níveis de glicose no sangue.
Para controlar esse desequilíbrio, o organismo passa a utilizar a insulina, que é uma das responsáveis pela circulação da glicose. Isso faz com que o cérebro a transforme em gordura. O médico afirma que quanto menor for a produção de insulina, menos gordura será acumulada, fazendo com que haja uma menor interferência sobre o equilíbrio do sistema nervoso.
A doença do século
O número de mortes relacionadas com depressão cresceu 705% no Brasil. Um levantamento inédito feito pelo jornal O Estado de São Paulo, baseado nos dados do sistema de mortalidade do Datasus, mostrou esse aumento nos últimos 16 anos. Estão incluídos na estatística casos de suicídio e outras mortes motivadas por problemas de saúde decorrentes de episódios depressivos.
Segundo projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2030 a depressão será a doença que mais faz vítimas no mundo, à frente de câncer e de algumas doenças infecciosas. Hoje, segundo um estudo epidemiológico publicado na revista britânica BMC Medicine, 121 milhões de pessoas estão deprimidas. Esse número, é quase quatro vezes maior do que o de portadores do vírus HIVs no mundo, que tem 33 milhões de infectados.
Quando considerado um período de 12 meses seguidos, o Brasil lidera, entre os países em desenvolvimento, o ranking mundial de prevalência da depressão: 18% da população que participou da pesquisa estava deprimida há pelo menos um ano.
Os dados brasileiros foram retirados do São Paulo Megacity, um estudo do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo que avaliou a prevalência de distúrbios psiquiátricos na região metropolitana da cidade, baseado em 5.037 entrevistas.
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