Um grupo de alunos de uma escola estadual de Iporá, na região oeste de Goiás, desenvolveu um robô de resgaste para auxiliar no trabalho de localização de vítimas de desabamentos, explosões ou demolições. O projeto conta com câmera, sensores de calor de ruído e, segundo os criadores, é o primeiro protótipo usado para salvamento que utiliza esses equipamentos.
O robô, batizado pelos alunos de Besourinho, custou cerca de R$ 400 e foi construído com materiais recicláveis e placas de computadores antigos. O protótipo tem 30 cm de comprimento e pesa 2 kg. Os circuitos foram construídos sobre um capacete utilizado na construção civil.
A ideia surgiu quando Geziel Braga Santos, de 17 anos, que estuda no Centro de Ensino em Período Integral Osório Raimundo de Lima, assistia a reportagens sobre um desabamento acontecido em São Paulo em 2014.
“Eu via que os cães tinham dificuldade de encontrar as vítimas. Como eles iam pelo cheiro, encontravam muitas roupas, mas nem sempre as vítimas. Além disso, essa área era perigosa para ficar andando por cima dela”, disse o aluno. Com isso, decidiu criar um robô que fosse pequeno, pudesse ser controlado a distância e conseguisse localizar as vítimas dos desastres.
Geziel levou a ideia para colegas de escola, que também se interessaram pelo projeto e apresentaram à direção do colégio. Ao todo, oito estudantes participaram da iniciativa. “Nossa escola é de tempo integral, então em uma parte do tempo, desenvolvemos os chamados Clubes Juvenis. Os alunos se dividem em grupos e escolhem um tema que gostariam de trabalhar durante o semestre. E foi com grande surpresa que recebemos o pedido deles para criar o clube de robótica”, disse a diretora do colégio, Alessandra Ávila.
A diretora explicou ainda que, mesmo não tendo condições de fornecer toda estrutura que os alunos precisavam, isso não foi uma barreira ao projeto. “A ideia desses clubes juvenis é justamente promover o protagonismo juvenil. Então, os alunos tiveram que correr atrás de todo apoio e materiais necessários para fazer o robô”, explicou.
Cada projeto tem a supervisão de um professor. Ricardo Silvério Gomes Pinheiro, de 21 anos, leciona química para os alunos e foi escolhido pelo grupo para acompanhar o desenvolvimento do robô. “Eu não tinha nenhuma experiência com robótica, nem mesmo os outros alunos. Só o Geziel que tinha, porque o pai dele já trabalhava nessa área e ele aprendeu e foi se interessando pelo assunto, se desenvolvendo. Em conjunto, todos aprendemos como fazer o Besourinho”, disse.
O projeto demorou seis meses para ser finalizado. Com o robô pronto, professor e alunos fizeram um teste para demonstrar que realmente tudo estava funcionando. Eles encheram sacos plásticos com água quente e colocaram em um manequim para simular o calor corporal de uma vítima que estaria presa em escombros. Em seguida, colocaram alguns materiais formando uma barreira sobre o boneco para ver se o protótipo realmente conseguiria identificar a “vítima” pelo calor do corpo.
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