Na última sexta-feira, Cuca disse que pouco se importava com a beleza do futebol do Palmeiras nesta reta final do Campeonato Brasileiro, desde que os três pontos viessem. Dito e feito. O Verdão não encantou contra o Santa Cruz, nesta segunda-feira. Cedeu o empate ao time pernambucano duas vezes. Mas, com importantes toques do técnico, manteve a invencibilidade no segundo turno ao vencer por 3 a 2 e abriu três pontos de vantagem para o Flamengo na liderança – 57 pontos contra 54 dos rubro-negros.
Sem o suspenso Dudu, Cuca optou por uma escalação completamente inesperada. No meio-campo, abriu mão de um volante marcador para escalar Zé Roberto como armador – revezando-se com Tchê Tchê na função. Erik entrou no ataque, ao lado de Gabriel Jesus e Róger Guedes. E deu certo.
A jogada do primeiro gol – iniciada por Gabriel Jesus, arrematada por Erik e concluída por Zé Roberto – foi a prova de um Palmeiras equilibrado na etapa inicial. Trocando passes, o Verdão dominou a posse de bola o tempo todo durante os 45 minutos iniciais (terminou com 55%, contra 45% do adversário). Finalizou sete vezes, contra três do Santa Cruz.
Com um Moisés abaixo do que costuma jogar, o Palmeiras voltou desligado para o segundo tempo. A bola não chegava a Leandro Pereira, escolhido por Cuca para substituir Erik – mudança que mandou Gabriel Jesus para o lado esquerdo do ataque. Na referência, ele voltava para ajudar uma equipe descompensada na marcação no início da etapa complementar.
O Verdão deixou os donos da casa crescerem na partida e sofreu o gol de empate pelos pés de Arthur, que havia entrado após o intervalo. Cuca, que cogitava lançar Thiago Santos, de maneira a melhorar a marcação no meio-campo, optou pela entrada de Cleiton Xavier – que assumiu a vaga na criação e mandou Zé Roberto para a lateral esquerda.
O oportunismo de Leandro Pereira, aos 20 minutos, contrastou com a falta de tato de Jean, aos 23. O atacante aproveitou rebote de Neris para fazer o segundo do Palmeiras. O lateral cometeu pênalti infantil em Arthur – convertido por Grafite. Pela segunda vez, o Verdão voltou à estaca zero e colocou à prova paciência e repertório na capital pernambucana.
Equilibrado e também insatisfeito com o empate, o Santa Cruz manteve uma postura ofensiva. Terminou o jogo com 16 finalizações, contra 13 dos visitantes. Dono de um ataque letal, o Palmeiras não permitiu um último escorregão (literalmente) dos donos da casa aos 34 minutos: Wagner patinou no meio-campo, Jean encontrou Cleiton Xavier aberto na direita, e o camisa 10 deu assistência precisa para Róger Guedes marcar o terceiro do Verdão
Cleiton, mais uma decisão acertada de Cuca para a parte final da partida, foi o toque final de uma noite iluminada para o técnico. Guedes, que não marcava desde o dia 15 de junho, encerrou a sequência ruim que o atrapalhava. E o Palmeiras não perdeu a rara oportunidade de criar gordura na ponta da tabela.
O repertório alviverde mais uma vez foi colocado à prova e não decepcionou. O estilo curinga de Cuca continua surpreendendo e multiplicando as opções quando algo falta no aspecto técnico. E o time segue invicto no segundo turno: agora são seis vitórias e três empates.
Faltam 10 rodadas para o fim do Brasileirão, e o Palmeiras mostra maturidade para compensar as próprias fraquezas de acordo com as necessidades de cada partida. A seriedade contra os adversários diretos da parte de cima é a mesma diante de times do Z-4. Mais do que nunca, a equipe depende somente de si para levantar a taça.
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