Bioplastia de glúteo, bronzeamento à jato, lipoaspiração e cirurgia plástica são algumas das páginas de procedimentos estéticos que a vendedora de roupas Millyana de Souza Silva segue no Facebook. No início do ano, ela acrescentou “Sra. Encrenca” logo abaixo de seu nome no perfil da rede social. Quase uma previsão para o sufoco que iria passar após aplicar metacrilato para aumentar o volume do bumbum. Depois de sentir fortes dores a ponto de não conseguir andar, a jovem de 20 anos garantiu à mãe que desistiu do “corpo perfeito”.
— Ela adora se maquiar e se vestir bem. É muito vaidosa. Aos 18 anos, começou a pensar em fazer algum tratamento estético. Queria aumentar os seios também, mas depois do que aconteceu ela disse que foi a primeira e última vez. “Está ótimo do jeito que está. Era melhor ficar magrela do que passar por isso”, ela me disse — contou mãe da jovem, Sandra Alves, moradora de Japeri.
O antes e depois de Millyana, internada em estado grave O antes e depois de Millyana, internada em estado grave
Milly, como é chamada, continua internada no Hospital estadual Alberto Torres, em São Gonçalo e, segundo familiares, deve passar hoje por uma segunda cirurgia para retirar a substância do corpo.
Vaidosa, Milly sempre foi magra. Frequentava academia, mas dizia que demorava a ganhar corpo. Resolveu apelar para o menor esforço — e também maior risco. Pagou R$ 4.500 para uma suposta esteticista aplicar 600ml de metacrilato em cada lado do bumbum. A quantidade é 300 vezes maior do que o recomendado por cirurgiões plásticos.
Segundo o médico Sérgio Levy, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), é possível que Millyana fique com marcas e deformações.
— Além de perder o material, ela vai perder gordura dela mesma. Quando uma pessoa faz um procedimento desse tipo, fatalmente terá que voltar ao médico algum tempo depois. A tendência é que o líquido da substância aplicada comece a descer. Aí começa a ficar inchado, começam os problemas. Metacrilato é para ser usado em pequenas quantidades — alerta.
As investigações sobre o caso estão em andamento na delegacia de Japeri. De acordo com o delegado titular Flavio Loureiro, a mãe da jovem já foi ouvida. Ele aguarda a recuperação de Millyana para colher seu depoimento.
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