Depois da repercussão causada pela divulgação de um vídeo que mostra funcionários tapando buracos inexistentes em uma rua, a Prefeitura de Campo Grande (MS) suspendeu os serviços da Selco Engenharia Ltda. A suspensão, anunciada na quinta-feira (29), vai durar até que a empresa, que já foi notificada, preste esclarecimentos formais sobre o caso.

Nas imagens, gravadas pela câmera de segurança de um condomínio, funcionários da empresa fazem o serviço de tapa-buraco em uma rua que não precisava de reparos. O vídeo foi compartilhado pelo porteiro do condomínio e causou indignação nos moradores de Campo Grande.

Em nota, o secretário municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação (Seintrha), Valtemir de Brito, afirma que, dependendo da explicação da empresa, vai exigir o ressarcimento à prefeitura. A Selco Engenharia presta serviços ao município desde 2010.

Depois do flagrante de irregularidade, o secretário também anunciou que a fiscalização será mais rígida e presente em todas as frentes de serviços de tapa-buraco. Até então, a fiscalização era feita por amostragem, mediante ordens de serviço e verificação do volume de massa asfáltica utilizado.

Enquanto isso, outras seis empresas contratadas pelo município continuam fazendo a manutenção do asfalto de ruas e avenidas, distribuídas em dez regiões de Campo Grande.

A prefeitura paga R$ 204,33 por tonelada de massa asfáltica – o chamado Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ). Por mês, são gastos, em média, R$ 1,1 milhão com a operação tapa-buraco.
Justificativa

O funcionário flagrado nas imagens veio a público na manhã desta sexta-feira (30) para se justificar, dizendo que a via apresentava fissuras que precisavam ser reparadas preventivamente.

O encarregado de obras Elton Farias dos Santos, 32, atendeu à imprensa no local onde o serviço foi realizado e garantiu que não agiu com má-fé. "No meu ponto de vista, achava que devia fazer", justificou.

Santos chegou a ter a demissão anunciada pela Selco Engenharia. A empresa voltou atrás na decisão, mas o funcionário diz que pretende deixar o cargo, que ocupa há dois anos.

Santos afirmou que, em relação à rua que aparece no vídeo, não recebeu orientação específica da empresa para cobrir as fissuras e que possui autonomia para decidir os pontos a serem reparados. Na ocasião, ele liderava uma equipe de oito funcionários. Há 12 anos no ramo, diz ter ficado surpreso com a repercussão.

O advogado da Selco Engenharia, Guilherme Brito, disse ao UOL que será contratada outra empresa para avaliar se o local coberto com massa asfáltica realmente precisava de reparos. Os funcionários envolvidos estão sendo ouvidos numa sindicância interna, mas, para o advogado, o caso flagrado pela câmera de segurança foi um fato isolado.