Segundo Fernando de Souza, que já comandou a Funai e também o Dsei em Dourados, abordagem em relação aos indígenas precisa ser repensada.
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Além dos efeitos das ‘fakes news’ espalhadas nas aldeias de Mato Grosso do Sul, a baixa procura pela vacinação contra a Covid-19 que está represando doses no Dsei/MS (Distrito Sanitário Especial Indígena) resultado da burocracia e falta de planejamento. A constatação é do líder indígena Fernando de Souza, morador da Aldeia Jaguapiru.
Funcionário da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Fernando que já comandou o escritório da Funai na cidade e também foi coordenador local do Dsei, disse que a recente decisão do MPF/MS (Ministério Público Federal) de determinar buscas ativas dos indígenas que não tomaram as segundas doses é reflexo de práticas equivocadas em relação à vacinação na Reserva Federal de Dourados.
“Temos relatos de pessoas que estão procurando os postos de vacinações nas aldeias para receber a imunização, mas acabam sendo mandadas de volta para casa muitas vezes por falta de documento de identificação. Essas pessoas com certeza não voltarão. É preciso deixar claro que estamos diante de uma pandemia e que, em se tratando de comunidades indígenas, a abordagem precisa ser repensada”, ponderou o conselheiro de saúde indígena.
Segundo Fernando, existem alguns grupos dentro das aldeias que são resistentes à imunização e que acabam contribuído para que essas vacinas continuem represadas, uma vez que muitos deles não receberam nem a primeira dose. “Se houver vontade e empenho das autoridades ligas ao DSEI e à Funai, a meta pode ser cumprida”, comenta o líder indígena, que ressalta também que falta transparência na atualização dos dados de vacinação nas aldeias.
Buscas ativas
Para garantir a vacinação de indígenas nas aldeias de Mato Grosso do Sul, o MPF (Ministério Público Federal) quer as equipes de saúde municipais, estaduais e do DSEI/MS (Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul) iniciem buscas ativas dos indígenas que não tomaram as segundas doses.
Segundo o MPF, as ações devem ser feitas por intermédio de equipes móveis nos territórios de origem e de preferência fora dos horários de trabalho dos indígenas. As medidas fazem parte de Recomendação conjunta expedida pelo Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União e Defensoria Pública do Estado.
Conforme o órgão, as Secretarias municipais de Saúde dos Municípios de Amambai, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Japorã, Ponta Porã, Anastácio, Aquidauana, Nioaque, Porto Murtinho, Maracaju, Douradina, Dourados, Rio Brilhante, Iguatemi e Miranda, além da Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul e o DSEI/MS já foram comunicadas.
O pedido baseia-se em ofício da própria Dsei/MS, que informa as doses D1 e D2 aplicadas aos indígenas e inclui tabela que comprova baixos índices da 2ª dose entre indígenas em alguns municípios e de acordo com o MPF, a omissão na adoção das recomendações pode implicar em medidas administrativas e ações judiciais contra os gestores públicos que se omitirem.
A reportagem do Midiamax entrou em contato com o DSEI de Dourados e também com o escritório da Funai, para repercutir as determinações do MPF a respeito das buscas ativas, e também para obter dados sobre as doses aplicadas nas aldeias, mas até o momento não recebeu nenhum retorno. Por outro lado, a prefeitura de Dourados esclareceu que imunização nas na comunidades indígenas é uma atribuição das autoridades federais.
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