Um bebê nasceu com os dois sexos expostos no Hospital Auxiliadora, em Três Lagoas, a 313 quilômetros de Campo Grande. A mãe, uma jovem de 24 anos, registrou a criança como menina, pois um ultrassom após o parto indicou a possibilidade de haver ovário e últero. Mas médicos de São Paulo, apontaram a existência do que seria um testículo que ainda não desceu.
O médico obstetra e coordenador da maternidade do Hospital Auxiliadora, Valério Abud Chinaglia, que acompanhou o parto da criança, acredita que o caso pode se tratar de anomalia genética.
"De modo geral, nestes casos, é necessária avaliação e acompanhamento ultra especializado, realizando-se ainda exames, inclusive de bandagem cromossômica, para determinar-se corretamente o tratamento, que muito provavelmente será medicamentoso e também cirúrurgico em idade apropriada. Mas deve haver primeiramente a conclusão diagnóstica para se saber qual a patologia", destaca.
Ele afirmou ao G1 que "malformações genitais, as genéticas, ou seja, não adquiridas, tratam-se sim de patologias incomuns ou pouco frequentes".
Gestação
A madrinha do bebê disse ao G1 que a gestação foi normal e os exames apontavam que era menino. "Nós fizemos chá de bebê, tudo branco e azul. A família veio e a mãe ganhou presentes tudo de menino", contou.
O bebê tem 4 meses e nasceu saudável. Segundo a madrinha, de 32 anos, a família teme pelo futuro dele. "As pessoas chamam ele de palavras feias e isso entristece muito a gente. O meu maior medo é que a criança cresça e fique confusa com essa situação toda. Por isso, a gente espera resolver tudo antes sem interferir muito na infância", afirmou.
Dois sexos
Os médicos pediatras diagnosticaram o bebê com anomalia genital, pois ele nasceu com a genitália ambígua, segundo o hospital. O caso pode ser o primeiro de Três Lagoas.
Após o nascimento, a família foi orientada pelo hospital de Mato Grosso do Sul a levar o recém-nascido para receber atendimento especializado em São Paulo." Eles [os médicos] disseram que era preciso levar a criança no Hospital das Clínicas de São Paulo, mas ninguém tinha dinheiro para ir", relatou a madrinha.
A Justiça foi acionada e determinou que o estado pagasse a viagem à capital paulista. O bebê já tinha três meses. Em São Paulo, os médicos informaram que a cirurgia de reparo só será possível a partir dos 3 ou 4 anos e que até lá serão feitos vários exames, como análise de hormônios, para tentar identificar a sexualidade dele.
O retorno médico foi agendado para setembro e a família vai realizar um almoço beneficente para arrecadar a quantia necessária para voltar ao hospital, em São Paulo.
Família
A mãe vai passar por acompanhamento psicológico e futuramente o bebê também. "Para ela tanto faz a sexualidade, vai amar da mesma forma", fala a madrinha.
A jovem mora com os outros três filhos de 1, 3 e 7 anos e sustenta a família com a pensão de um deles e a renda de programas sociais.
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