A escolha do líbero da seleção brasileira masculina de vôlei para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro foi a óbvia: Serginho. Depois de sair da aposentadoria convocado pelo técnico Bernardinho, nada mais natural que fosse mantido entre os 12 depois do anúncio dos três cortes restantes na segunda-feira. No entanto, a escalação de Tiago Brendel na derrota para a Sérvia na final da Liga Mundial, no último domingo, despertou dúvidas sobre como a decisão foi tomada.
Ao desembarcar no Rio de Janeiro nesta terça-feira, Bernardinho explicou a decisão de cortar Brendel. Pesou a experiência de Serginho, de 40 anos de idade, com três participações em Jogos Olímpicos, tendo conquistado uma medalha de ouro em 2004 e duas de prata em 2008 e 2012.
- Na questão do líbero, optei pela experiência. O Tiago fez uma campanha espetacular, os números são fantásticos, e é muito bacana encontrarmos um líbero com a personalidade e capacidade dele para seguir o trabalho depois do Escada. Era necessário ter mais gente veterana, com a capacidade de lidar com a situação de pressão no Rio - afirmou Bernardinho, que também cortou Murilo e Isac.
Serginho não quis falar sobre a sua quarta participação nos Jogos Olímpicos, nem sobre a ausência na final da Liga Mundial. Brendel, ao contrário, mostrou-se disposto, ainda que decepcionado com o corte. Aos 30 anos, vê um futuro na seleção brasileira para quem sabe estar na lista dos 12 escolhidos para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.
- Sair de uma final e ser dispensado em seguida é complicado. Mas já vinha trabalhando essas ideias. Recebi a notícia com muita dor no hotel, na rotina seguinte do jogo. Não foi um baque, pois sabia que poderia acontecer. Tenho a cabeça muito boa pelo que apresentei lá dentro e pelo que terei se fizer por merecer. O Bernardinho falou que vinha me analisando e havia uma disputa boa pela posição, mas para um campeonato de muita pressão precisaria de alguém mais experiente, que já tivesse vivido essa situação. Foi essa a conversa que tivemos - explicou Brendel.
Bernardinho fez questão de elogiar a atuação de Brendel na final da Liga Mundial, apesar da derrota. Fez até uma analogia com a Copa do Mundo disputada em 2014 para justificar a sua escolha por um jogador mais experiente.
- Precisávamos tirar uma dúvida sobre como iríamos ou não. Claro que a experiência é interessante, mas o Tiago fez muito bem a parte dele e era importante saber até que ponto era capaz de disputar uma partida com aquele nível de exigência. E ele foi bem. O time não foi bem, mas ele foi. É muito duro buscar conveniência, o confortável. É preciso buscar o que é certo. A opção foi feita pela capacidade técnica, sim, mas também pela experiência. Fala-se muito do futebol na Copa do Mundo, mas um dos elementos que se levanta é de que será que jogadores mais experientes não ajudariam a suportar a pressão de jogar aqui? Não temos a pretensão de imaginar que sabemos tudo. Aprendemos com a experiência dos outros - disse Bernardinho.
O elenco brasileiro ganhou folga até a próxima quinta-feira, e a expectativa é de que a reapresentação definitiva para os Jogos do Rio aconteça na noite de sexta-feira, no centro de treinamento da CBV, em Saquarema.
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