A derrota por 3 a 0 do Grêmio para a Ponte Preta foi arrebatadora. No vestiário, mesmo no calor da partida, o técnico Roger Machado pediu uma reunião com os dirigentes. Entregou o seu cargo de treinador do Tricolor de maneira irrevogável e volta a Porto Alegre desempregado. Mas a queda do comandante foi um caminho pavimentado nas últimas semanas. O ex-lateral encontrou fragilidades dentro do elenco, não conseguiu resolver problemas do seu time e não repetiu o rendimento de 2015. Além disso, viu o vestiário ruir com brigas políticas.
O anúncio ocorreu pelo presidente Romildo Bolzan Júnior, após o jogo. O mandatário passou a madrugada em reunião com o diretor executivo Júnior Chávare e com o vice de futebol Alberto Guerra e o diretor Alexandre Rolim, estes dois podendo perder o cargo a partir das conversas. O dirigente máximo do Tricolor avaliou as colocações feitas por Roger.
- É um dos contextos que o Roger coloca, que gostaria de estancar um processo de queda, na sua avaliação, que faz parte da remotivação do grupo, de trabalho, com alguns métodos novos, além dos que estão postos, que possam agregar situações de rendimento. Ele avalia e situações que se apresentam como a de hoje (quarta), também tem razão. Vamos levar no final do ano, mas levar o projeto como tem sido - disse Romildo.
Elenco curto/perda de peças
O fim de semana trouxe um choque de realidade que talvez os gremistas e até mesmo membros da diretoria não estavam preparados. Enquanto os jogadores já haviam se manifestado criticando a qualidade do próprio elenco, Cuca tirava do banco Rafael Marques, Cleiton Xavier e Lucas Barrios na Arena. Roger lançou mão de Guilherme, Ramiro e Batista como opções. O cobertor curto atingiu o clube, que ainda sonhava com o título brasileiro.
Mas o fato é que a perda de algumas peças, como Giuliano e Bobô, enfraqueceram o elenco. O primeiro era titular absoluto e uma peça importante no andar da engrenagem. O segundo é centroavante que não tem características no elenco - Batista e Henrique Almeida, as alternativas que restaram, têm menos altura e porte físico.
Bola aérea
Se há um fundamento que incomodou o técnico Roger Machado, principalmente em 2016, este fundamento é a bola aérea. A defesa do Grêmio sangrou seguidamente pelo alto e o treinador não encontrou soluções definitivas para o problema. No 3 a 0 sofrido para a Ponte Preta (veja acima), por exemplo, foram dois gols sofridos em cruzamentos e um pênalti cometido por Geromel também em levantamento na área. Nos momentos chaves do ano, a defesa falhou: nas semifinais contra o Juventude, no Gauchão, nas oitavas da Libertadores, contra o Rosario Central… Apesar de ondas sem sofrer gols, o fantasma sempre retornava.
Pior série
Os últimos jogos reservaram a pior série de Roger Machado no comando do Grêmio. Tão ruim a ponto de fazer o técnico entender que seria melhor para o elenco sua saída do que a continuidade do trabalho em busca de reverter os resultados. O 3 a 0 desta quarta foi o sexto jogo sem vitória no Brasileirão, o quinto consecutivo - há o 1 a 0 sobre o Atlético-PR na Copa do Brasil no meio. A pressão passou a crescer nas última semanas, tirando o rótulo de “unânime” do comandante.
Fracassos em 2016
A pressão vivida por Roger nestes últimos jogos ocorrera também no primeiro semestre. Nas decisões mais importantes, o Grêmio fraquejou. Foi superado sem mostrar resistência ao Rosario Central, nas oitavas de final da Libertadores, levando 1 a 0 em casa e 3 a 0 na Argentina. Na semi do Gauchão, perdeu por 2 a 0 para o Juventude o primeiro jogo, com time misto, e não conseguiu o resultado em casa com o 3 a 1. O título estadual traria uma tranquilidade enorme para o decorrer do ano.
Time desajustado
Os últimos jogos mostraram uma equipe com o jogo coletivo comprometido. Óbvio que não apenas por conta do Roger. Mas o fato é que houve pouco poder de reação nas derrotas para Coritiba e Ponte Preta. No último domingo, contra o Palmeiras, o time até mostrou rendimento bom diante de sua torcida. Mas não o suficiente para superar o líder.
desastre fora
Se o time do Grêmio era um em casa, não parecia o mesmo fora. Quando atuava longe dos próprios domínios, não repetia, nem de perto, o desempenho na Arena. No Brasileirão, até então, foram 13 partidas, com sete derrotas, quatro empates e somente duas vitórias.
Nos últimos dois jogos fora, o Grêmio foi simplesmente atropelado. Após levar 4 a 0 do Coritiba, sofreu 2 a 0 da Ponte Preta.
Crise política
O vestiário eclodiu em crise nos últimos dias. O vice de futebol Alberto Guerra não tinha boa relação com o diretor de futebol Antônio Dutra Júnior, que também é vice-presidente eleito do clube. Uma conversa no Whatsapp com críticas do segundo ao primeiro vazou e tornou o ambiente insustentável. Todos devem ter as saídas confirmadas nesta quinta-feira. A proximidade das eleições para o Conselho Deliberativo e para a presidência, no final do ano, também complicaram o ambiente.
Olá, deixe seu comentário!Logar-se!