O pesquisador brasileiro Ricardo Moratelli descobriu uma nova espécie de morcego, nomeada Lonchophylla inexpectata, que tem origem no sertão da Bahia. A descoberta foi feita durante seu estágio de pós-doutorado no Museu Smithsonian de História Natural, em Washington, e publicada em artigo na revista científica “ZooKeys” no início de agosto.
Ricardo estudava a coleção biológica do museu e percebeu que um exemplar de morcego que estava depositado há mais de 100 anos como L. mordax era, na realidade, uma espécie ainda não descrita. “Um belo dia eu estava no museu e achei um espécime de ventre branco e outro de ventre escuro. Quando olhei o escuro, a etiqueta dizia que era da série original que tinha usado para descrever a espécie L. mordax”, conta o pesquisador ao G1.
Após cerca de dois anos de investigação, Ricardo constatou que a espécie de ventre claro foi erroneamente catalogada como a L. mordax, a primeira espécie do gênero descrita e a única conhecida da época.
Morcegos da espécie L. inexpectata se diferem das outras espécies do gênero pelas características dentárias, o tamanho do crânio e a cor da pele, indica o pesquisador.
Para o pesquisador, que já descreveu outras sete espécies de morcegos, a história dessa descoberta feita a partir de um engano taxonômico (de classificação) reforça a necessidade de biólogos tirando amostras em campo e trabalhando em laboratórios na identificação da fauna e da flora.
“Coleções biológicas guardam ainda uma quantidade de espécie novas para serem descobertas. Às vezes um animal pode ficar 200 ou 300 anos numa coleção pra ser descrita. Essa é a segunda espécie que descrevo com mais de 100 anos nas gavetas”, afirma.
Formado em Ciências Biológicas e pesquisador no campus Fiocruz Mata Atlântica da Fundação Oswaldo Cruz, Ricardo realizava pesquisas nos Estados Unidos com uma bolsa do Programa Ciências sem Fronteiras.
“Minha bolsa foi para estudar a diversidade do gênero myotis na América do Sul, mas quando cheguei (no museu Smithsonian) me deparei com coleção tão rica em espécimes que comecei a estudar outros grupos. Passei a estudar nove gêneros de morcegos e coleções de mamíferos da Venezuela”, diz.
Depois que concluiu seu pós-doutorado Ricardo se tornou pesquisador associado do museu Smithsonian.
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