O Consulado Geral do Brasil em Santa Cruz de La Sierra informou ao G1 que acompanha o caso e que mantém contato com as autoridades locais e com familiares para prestar a assistência consular cabível.
O amapaense Vinícius Chagas Maciel, de 32 anos, foi assassinado de forma brutal na segunda-feira (19), no povoado de San Julián, a 150 quilômetros de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Ele foi linchado e enforcado por populares na principal praça da cidade. Informações preliminares apontam que ele foi cobrar uma dívida de um casal, que o acusou de roubo.
O Consulado Geral do Brasil em Santa Cruz de La Sierra informou ao G1 que acompanha o caso e que mantém contato com as autoridades locais e com familiares para prestar a assistência consular cabível.
Jornais bolivianos repercutiram o caso informando que o brasileiro foi enforcado por uma multidão que o alcançou depois que um casal denunciou ter sido cobrado por uma suposta dívida por dois homens armados. O outro brasileiro conseguiu fugir do lugar em uma caminhonete. Ainda segundo a imprensa local, a polícia tem dificuldade de entrar na cidade de San Julián.
Maciel deixou o Amapá há cerca de sete meses, em busca de trabalho na Bolívia. Lá, segundo a família, ele estava se planejando para estudar medicina.
A família contesta a versão do assalto. Irmãos e a mãe dele moram no município de Santana, onde ele nasceu. A cidade fica a cerca de 17 quilômetros de Macapá.
“Meu irmão saiu daqui de Santana para ir trabalhar na Bolívia em uma oficina de carros e, pelo que soubemos de conhecidos de lá, ele foi fazer a cobrança de um casal e a mulher saiu gritando que estava sendo assaltada, aí a população o pegou e fez isso. Disseram para a gente que lá é comum linchamento”, conta Vitória Maciel, irmã da vítima.
Irmã de Vinícius manifestou indignação em uma rede social, com pedido de ajuda para o traslado do corpo — Foto: Reprodução Irmã de Vinícius manifestou indignação em uma rede social, com pedido de ajuda para o traslado do corpo — Foto: Reprodução
Irmã de Vinícius manifestou indignação em uma rede social, com pedido de ajuda para o traslado do corpo — Foto: Reprodução.
Ainda segundo a irmã, a família ficou sabendo da morte de Vinícius pelas redes sociais e todos estão em choque.
“Soubemos da pior forma, através do Facebook, que foi como repercutiu o caso lá. Foi uma tortura e uma barbárie o que fizeram e eles ficavam postando no ‘face’. Como ele foi a trabalho, muitos conhecidos começaram a nos marcar nas postagens. Foi horrível. Minha mãe e todos nós estamos em choque. Desde terça-feira [20], às 18h, quando ficamos sabendo, ela está sedada”, relata.
Sem condições financeiras para arcar com o traslado do corpo, a família pede ajuda. A irmã diz que são necessários R$ 15 mil para trazê-lo de Santa Cruz até o Amapá.
“Não temos recurso nenhum. O meu marido é mototaxista, minha mãe vende comidas típicas, é ambulante, a minha irmã faz bolos e é cobradora de ônibus e eu estou desempregada. A gente precisa de ajuda. Por favor!”, suplica Vitória.
Vinícius deixa uma filha de seis anos, irmãos e a mãe — Foto: Imagem cedida pela família Vinícius deixa uma filha de seis anos, irmãos e a mãe — Foto: Imagem cedida pela família
Vinícius deixa uma filha de seis anos, irmãos e a mãe — Foto: Imagem cedida pela família
Ainda segundo Vitória, horas antes do assassinato, Vinícius Maciel enviou mensagens para o WhatsApp da mãe, falando de saudade. Ele também enviou uma foto tirada na praça onde, mais tarde, foi morto.
“Ele sempre entrava em contato com a mamãe e comigo. Ele ajudava financeiramente a família. A mamãe mora de aluguel e ele sempre mandava uma quantia em dinheiro. No dia do ocorrido, ele mandou mensagem para ela [a mãe], falando que queria passar o Natal aqui, que estava com muita saudade dela”, disse a irmã.
Família diz que amapaense trabalhava em uma oficina mecânica na Bolívia e queria cursar medicina — Foto: Inagem cedida pela família Família diz que amapaense trabalhava em uma oficina mecânica na Bolívia e queria cursar medicina — Foto: Inagem cedida pela família
Vinícius era casado, mas estava em processo de separação. Ele deixa uma filha de seis anos, três irmãos e a mãe.
Na Bolívia, os casos de linchamento são comuns, segundo a imprensa internacional. Os moradores alegam que atuam em nome da “justiça comunitária”, reconhecida na Constituição aprovada em 2009 no país. O governo, entretanto, explica que o sistema não permite castigos brutais e nem a pena de morte.
Para garantir os trâmites da vinda do corpo de Vinícius para o Amapá, a família pediu uma certidão de “Nada Consta” no nome dele, onde não foi identificada qualquer passagem criminal.
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