Capital de MS tem média de 1 estupro de criança ou adolescente por dia
Crianças geralmente são vítimas de estupro por conhecidos. / Foto: Gabriela Pavão/Arquivo G1 MS

Entre os meses janeiro e outubro de 2015, a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) registrou 313 casos de estupro de vítimas com menos de 14 anos em Campo Grande. A média é de um caso de estupro de criança ou adolescente por dia. Em relação ao mesmo período de 2014, os números representam aumento de 38% no número de casos.

O delegado titular da Depca, Paulo Sérgio Lauretto, acredita que os registros aumentaram não só pelas ocorrências, mas também pelas denúncias.

"É um número bem expressivo, mas acredito que aumentou por conta da eficiência do sistema. As pessoas hoje têm mais confiança na investigação. Com a imprensa coloborando com a divulgação dos casos elucidados, como exemplo o caso do professor que foi preso, apareceram mais vítimas às vezes do mesmo estuprador, então, a gente acredita que a população se sente mais segura em denunciar, por saber que vai ser resolvido", afirmou ao G1.

O que não mudou, segundo Lauretto, é o perfil do estuprador e a relação de proximidade ou parentesco que ele tem com as vítimas.

Outro ponto comum em casos de família é a conivência de outros parentes que sabem dos abusos, mas não denunciam, como no caso em que a polícia apura co-autoria da mãe em abuso de quatro meninas, filhas dela com o suspeito.

"A maioria esmagadora a gente vê que é do círculo da vítima, que já tem um contato prévio ou que começa esse contato com intenções futuras, como no caso da internet. Hoje o maior numero de apuração são casos de pessoas que começam contato pela internet, por exemplo, de forma velada com a criança, para ganhar a confiança e se aproximar. Quando os pais tomam conhecimento disso e levam para a delegacia a coisa está mais avançada", ressaltou.

Em outro acso investigado pela Depca, um jovem de 21 anos é suspeito de estuprar as enteadas, de 6 e 12 anos. Segundo a polícia, os abusos eram praticados na frente do irmão delas, de 7 anos, que ainda era agredido e torturado pelo suspeito.

Em outra situação, uma jovem e a mãe dela foram presas suspeitas de aliciarem e marcarem encontros sexuais para meninas de 5 e 12 anos, sendo a mais nova filha da jovem e a outra irmã.

Quando os casos chegam até à delegacia, a polícia aciona o Conselho Tutelar e encaminha a investigação para a Depca, especializada nesse tipo de atendimento.

Crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual são retirados do convívio familiar e são encaminhados para abrigos na capital sul-mato-grossense. Nos casos em que há a intervenção da Justiça, as vítimas são ouvidas por psicólogos treinados para esse tipo de atendimento.

As denúncias podem ser feitas a qualquer momento, pelo telefone de emergência da Polícia Militar, o 190, direto na Depca, pelo telefone 3323-2500 ou em qualquer delegacia de Campo Grande.