Ano começa com celulose respondendo por 40% das vendas externas; 16% só na megafábrica de Ribas; participação dos EUA cai.

Celulose, carne bovina e China garantem mais da metade das exportações de MS
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A venda de celulose para outros países compensou a queda da comercialização de grãos no mercado exterior e está sustentando o saldo positivo da balança comercial de Mato Grosso do Sul neste início de ano.

O maior responsável pelo salto nas exportações de celulose, que praticamente dobraram de um ano para outro, foi o início das operações da planta processadora da Suzano, em Ribas do Rio Pardo.

Nos primeiros dois meses do ano passado, quando não havia fábrica de celulose na cidade, distante 98 quilômetros de Campo Grande, o total exportado por Mato Grosso do Sul foi de 668,4 mil toneladas, com um faturamento de R$ 290,8 milhões.


Agora, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), a quantidade de celulose produzida no Estado e embarcada para outros países chegou a 1,09 milhão de toneladas, com um faturamento de US$ 575 milhões.


O aumento de 91% no faturamento com a exportação de celulose neste início de ano mostra que o produto – matéria-prima para a fabricação de papel, embalagens, alguns tipos de tecido, medicamentos e até mesmo alimentos sintéticos – tem uma importância cada vez maior na balança comercial.

Ele responde por 41,4% das vendas externas de Mato Grosso do Sul e compensa a queda da soja, que já foi líder da balança comercial do Estado, mas hoje ocupa a terceira posição, com 14,3% das vendas externas, atrás da carne bovina (15,4%).

O efeito da megafábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo é evidente nos números. O município, que no primeiro bimestre de 2024 foi responsável por apenas 0,37% do faturamento das exportações de Mato Grosso do Sul, agora é o segundo maior exportador do Estado, respondendo por 16,2% dos embarques de produtos locais para outros países.

Em termos de faturamento, as vendas da cidade tiveram um crescimento de 4.212%, passando de US$ 5,2 milhões no primeiro bimestre de 2024 para US$ 224,6 milhões neste ano.

A cidade que mais vende ao exterior em Mato Grosso do Sul continua sendo Três Lagoas, sede de duas linhas da Suzano e outra da Eldorado. Mesmo lá, houve um aumento de 27,2% no faturamento, que passou de US$ 359 milhões nos dois primeiros meses de 2024 para US$ 378,1 milhões no mesmo período deste ano.

A queda na exportação de cereais impactou Dourados, que já disputou com Três Lagoas o posto de maior exportador do Estado. Agora, o município ocupa a quarta posição, com 5,1% das vendas externas (US$ 84 milhões), atrás até mesmo da Capital, que responde por 7,1% das exportações (US$ 98 milhões).

GRÃOS E CARNE
A exportação de carne bovina de Mato Grosso do Sul também se destacou neste primeiro bimestre deste ano. As vendas externas do produto aumentaram 24,2%, conforme o MDIC. O volume exportado passou de 36,1 mil toneladas em janeiro e fevereiro de 2024 para 42,1 mil toneladas no mesmo período deste ano. O faturamento saltou de US$ 171 milhões para US$ 213 milhões.

A habilitação de 10 frigoríficos sul-mato-grossenses pela China em março do ano passado fez toda a diferença. Entre as plantas habilitadas estão as maiores do Estado em volume de produção: as duas unidades da JBS em Campo Grande e a unidade da Marfrig em Bataguassu.

Já a comercialização de grãos sofreu uma queda expressiva, tanto em volume quanto em faturamento. No primeiro bimestre do ano passado, Mato Grosso do Sul exportou 625 mil toneladas de soja, gerando uma receita de US$ 292 milhões.

No mesmo período deste ano, a receita caiu 32,2%, totalizando US$ 198,1 milhões. O volume também foi reduzido para 501,1 mil toneladas. A quebra da safra do ano passado e a queda nas cotações da saca podem explicar essa redução no faturamento.

No caso do milho, a queda nas exportações foi ainda mais acentuada: 84,8% a menos no faturamento. No entanto, diferentemente da soja, a explicação para a redução no volume e na receita das exportações está na alta demanda do mercado interno, com cerealistas e usinas de etanol absorvendo quase toda a produção local.

Das 714,8 mil toneladas exportadas no primeiro bimestre de 2024, o volume caiu para 112 mil toneladas no mesmo período deste ano. O faturamento despencou de US$ 160 milhões para US$ 24,4 milhões.

MAIS CHINA, MENOS EUA
O primeiro bimestre deste ano, que reflete pouco mais de um mês do novo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos (EUA), mostra um aumento da participação da China nas exportações de Mato Grosso do Sul e uma queda nas vendas para os norte-americanos. Desde a posse do republicano, os EUA iniciaram uma nova guerra tarifária no comércio internacional.

As exportações de Mato Grosso do Sul para a China cresceram 6% na comparação entre os primeiros bimestres de 2024 e 2025, enquanto as vendas para os Estados Unidos caíram 13%.

Em termos de faturamento, Mato Grosso do Sul vendeu US$ 32,8 milhões a mais para a China neste ano. O país asiático garantiu aos exportadores sul-mato-grossenses uma receita de US$ 577 milhões, contra 
US$ 544 milhões no ano passado.

Já as compras dos EUA diminuíram. O país, tradicional comprador de carne bovina e celulose de Mato Grosso do Sul, importou US$ 13 milhões a menos neste início de ano. No primeiro bimestre de 2024, o Estado vendeu US$ 97,6 milhões para o país, enquanto em janeiro e fevereiro deste ano o número caiu para US$ 84,6 milhões.

SALDO
A queda nas importações por Mato Grosso do Sul também contribuiu para o superavit de US$ 997 milhões na balança comercial de fevereiro. As exportações naquele mês totalizaram US$ 1,3 bilhão, enquanto as importações tiveram uma redução de 18,8%, somando US$ 391 milhões.

IMPORTAÇÃO
A Bolívia segue como o principal fornecedor externo para Mato Grosso do Sul, principalmente por conta da importação de gás natural. No entanto, as compras do insumo tiveram uma queda de 25% em valor, passando de US$ 220 milhões no primeiro bimestre do ano passado para US$ 166 milhões neste ano.

Mesmo com essa redução, a Bolívia representa 43,8% das importações do Estado. A China é o segundo maior fornecedor de Mato Grosso do Sul, com 26,1% das compras externas (US$ 102 milhões).

O Chile aparece em terceiro lugar, responsável por 8,12% das importações, seguido pelo Paraguai, com 6,44%, e pelos EUA, que ocupam a quinta posição, com 4,51%.

As compras de produtos norte-americanos caíram 35,3%, totalizando US$ 17,7 milhões – um recuo de US$ 9,6 milhões em relação ao primeiro bimestre do ano passado.