A China efetuou nesta terça-feira (16) o primeiro lançamento mundial de um satélite de comunicação quântica. O equipamento integra um sistema inviolável de comunicações criptadas de longa distância, que recebe investimentos milionários de Pequim. Estados Unidos e Japão também investem nessa nova tecnologia, mas os chineses largaram na frente.
O lançamento foi feito na madrugada desta terça-feira no deserto de Gobi (norte), anunciou a agência estatal Xinhua. O satélite denominado Mozi, em homenagem a um filósofo chinês do século 5 a.C., terá como objetivo demonstrar a importância e o interesse da tecnologia quântica nas comunicações de longa distância.
Ele utiliza fótons na transmissão das informações, uma partícula elementar de radiação eletromagnética. Os dados armazenadas pelos fótons são consideradas indecifráveis por terceiros; qualquer tentativa de espionagem provoca sua autodestruição. Pequim quer criar uma rede mundial de comunicações quânticas até 2030.
Desafio das comunicações de longa distância
Apesar de os cientistas demonstrarem a eficácia para transmitir mensagens em distâncias relativamente curtas, os obstáculos técnicos colocam até agora fora do alcance as comunicações em longa distância. O recorde atual se situa em torno dos 300 km, segundo a revista científica Nature.
O satélite tentará enviar dados cifrados entre Pequim e Urumqi, a capital da região de Xinjiang (noroeste) situada a quase 2.500 km de distância. Para o sucesso da operação, será necessário que Mozi esteja direcionado de uma maneira extremamente precisa para as estações receptoras situadas na Terra."Será como lançar uma moeda de um avião que voa a 100 km de altura e esperar que caia exatamente na abertura de um cofre de porquinho em rotação", comparou o responsável pelo projeto, Wang Jianyu.
Investimentos milionários
A China investiu muitos recursos financeiros nesse desafio tecnológico. Esse é um dos inúmeros projetos de Pequim na pesquisa científica de ponta, que abarca da exploração mineradora dos asteroides às manipulações genéticas. O desenvolvimento desta nova tecnologia é um objetivo crucial para os chineses, que a incluíram em seu novo plano quinquenal publicado no mês de março passado.
"Este satélite (...) marca uma mudança no papel da China. Ela deixa de ser uma seguidora em termos de desenvolvimento de tecnologias da informação clássica para se tornar um dos líderes dos futuros êxitos do setor", indicou Pan Jianwei, responsável pelo Mozi, citado pela Xinhua. As revelações do ex-consultor de inteligência americano Edward Snowden sobre as operações de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos reforçaram a vontade chinesa de desenvolver tecnologias impossíveis de serem hackeadas.
A China também faz parte do grupo de alguns países que trabalham na criação do primeiro "computador quântico" do mundo. Esta máquina, com a ajuda das propriedades das partículas subatômicas, poderá realizar cálculos a velocidades muito mais rápidas que os obtidos com a tecnologia atual.
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