No dia 31 de maio é celebrado o Dia Mundial Sem Tabaco; público jovem é um dos que mais consome.

Cigarros eletrônicos caem no gosto dos jovens e retomam perigo do tabagismo em MS
Uso de cigarros eletrônicos é cada vez mais frequente entre jovens. / Foto: Dima Valkov

Criado em 1987 pela OMS (Organização Mundial de Saúde), o Dia Mundial Sem Tabaco foi criado para alertar sobre doenças evitáveis e mortes relacionadas ao tabagismo. Pensando nisso, o TopMídiaNews conversou com o médico pneumologista Henrique Ferreira de Brito para saber um pouco mais sobre a influência entre os jovens. 

Henrique explica que toda a propaganda e o apelo dos dispositivos eletrônicos de tabagismo acabam atingindo mais oa adolescentes e jovens. 

"Eles são voltados aos adolescentes e aos jovens, e isso é muito ruim, porque são pessoas que estão numa fase de formação, e são muito influenciados por aquilo que é colocado como 'legal', que está na moda, aquilo que é colocado como algo que todo mundo usa."

Os jovens mais são suscetíveis a esse apelo, conforme o médico explica, e salienta que os profissionais de saúde têm a obrigação de fazer o alerta sobre os malefícios. 

"Há doenças já relacionadas, como injúria pulmonar, que é o dano pulmonar associado aos cigarros eletrônicos. É necessário mostrar para eles, desmistificar o fato de que esse modo de consumir o tabaco não é inócuo, seja narguilé, o cigarro eletrônico e suas variações." 

Efeito cumulativo 

Brito considera que para poder promover a conscientização entre os jovens, é necessário primeiro informar corretamente e, segundo, combater a falsa informação. Além disso, ele também afirma que é necessário alertar sobre os efeitos cumulativos. 

Por mais que alguns usem apenas na balada, ou em circunstâncias ocasionais, o pneumologista explica que a chance de ter problemas aumenta conforme aumenta o uso. 

"Mas pode ser um caminho sem volta, no sentido de que eu começo a usar, eu fico dependente, e às vezes com o uso eu posso ter problemas pulmonares sérios, isso é imprevisível." 

O médico consdidera, ainda, que é importante indicar alternativas ao jovem. "É preciso mostrar ao jovem que eu tenho outras maneiras de socializar, de me reafirmar dentro do meu grupo, né? É sobre o tempo que a gente tomava tereré nas rodas. Hoje a gente tem que ter um pouco mais de cuidado, por causa de doenças, mas eu tenho outras maneiras de de de de estar num grupo, de me sentir bem, de de ter prazer", comenta.

Henrique complementa: "De outras maneiras, não preciso recorrer a dispositivos eletrônicos, ou outros tipos de de substâncias. Então, é importante a gente deixar sempre o jovem alerta e reforçar isso com uma frequência."

Substâncias

As substâncias que são absorvidas pelo organismo acabam sendo potencializadas pelos dispositivos, já que mudam a forma de consumo do tabaco. 

E o vilão da história, no caso dos cigarros eletrônicos, acaba sendo o e-liquid base, que quando aquecido pelo sistema, vaporiza e é inalado pelo consumidor.

Ele apresenta substâncias nocivas à saúde, como a nicotina, o propilenoglicol, o formaldeído e o acetaldeído, que são cancerígenas, além do chumbo, que é um metal pesado, altamente tóxico.

Desta forma, os usuários podem ter piora de doenças preexistentes, além de desenvolver doenças cardiovasculares, pulmonares e câncer, entre muitas outras doenças. 

Apesar de muitas pessoas acreditarem que o uso dos cigarros eletrônicos ameniza e ajuda a diminuir o consumo do cigarro convencional, o que ocorre é exatamente o oposto. 

Estatísticas

Segundo o relatório Covitel, de abril do ano passado, 1 a casa 5 jovens com idade entre 18 e 24 anos usa cigarros eletrônicos, e a região que mais utiliza esse tipo de dispositivo é a região Centro-Oeste, com 11,2% da população.

A experimentação de narguilé também não fica para trás, e a faixa etária que mais usa é justamente a dos jovens entre 18 e 24 anos: 17% dos entrevistados afirmou usar narguilé.

Nas escolas de Campo Grande 

Em Campo Grande, a Semed (Secretaria Municipal de Educação) trabalha a questão na elaboração do currículo que norteia o trabalho pedagógico realizado em sala de aula e nas dependências da escola. 

Por meio da assessoria de comunicação, a Semed afirma que "enfatiza por meio dos temas transversais a importância de se trabalhar as problemáticas sociais da atualidade, como drogas, álcool e o tabagismo."

Projetos e propostas pedagógicas são desenvolvidas ao longo do ano nas unidades da Reme (Rede Municipal de Ensino) com essa temática, e os assuntos são tratados por meio e parcerias. 

"A Secretaria também proporciona, por meio de parcerias com a Polícia Militar, o Proerd, que atua nas escolas palestrando com os alunos 12 lições, aplicadas por policiais militares capacitados por meio do curso de formação de instrutor, e também a Guarda Civil Metropolitana com o Proeseg, que trabalha na prevenção dos temas em questão."