Cada um com sua mania e todos bem-vindos. O público da Olimpíada torce nas arenas e, do lado de fora, a brincadeira é trocar figurinha. O "álbum" é fictício e o objeto colecionado varia: pins, moedas e até copos de cerveja.
Assim como na Copa do Mundo de 2014, as canecas ilustradas da cerveja vendida nas arenas são disputadas. As poucas deixadas para trás são recolhidas por torcedores muito antes de a faxina chegar.
Caso contrário, completar a coleção sai caro. Cada um custa R$ 13, e são 42 modalidades estampadas. Ou seja, um total de R$ 546 para os mais empenhados.
Ao fim da tarde, após algumas horas de competição – e de bebedeira –, já circulam pelo Parque Olímpico torcedores equilibrando torres de copos.
O engenheiro André Araújo conta que juntou os copos para o filho. "Do jeito que eu estou colecionando, vou fazer pentatlo [esporte disputado em cinco atos: atletismo, natação, esgrima, hipismo e tiro esportivo]."
A professora Ana Lúcia Medeiros também coleciona para o filho. Nesta quarta-feira (9), ela buscava incansavelmente o desenho da natação, esporte que o menino pratica. "Só eu bebo na família, não sei como vai ser até o fim dessa Olimpíada."
Moradora de Resende, Patrícia Dias, de 30 anos, cruzou o complexo esportivo equilibrando uma torre de copos. "Aqui é sensacional. É lindo, uma superestrutura. Estava no jogo de basquete e juntei 15 copos. Mas no fim de semana estou de volta para completar a coleção", disse, com juras de que não bebeu os 15.
Moedas
As moedas comemorativas de R$ 1 também são itens cobiçados por colecionadores. Ao todo, 16 ilustrações compõem os modelos: boxe, golfe, paratriatlo, natação, atletismo, paracanoagem, rugby, vela, basquete, judô, futebol, volei, atletismo paralímpico, natação paralímpica, mascote paralímpico Tom e mascote olímpico Vinicius.
Na quarta-feira, estavam sendo vendidas por até R$ 150 em Copacabana. O casal Anderson Smarrini e Ana Paula Gama trouxe de Minas Gerais moedas para comercializar na porta da loja oficial dos jogos no bairro carioca.
Uma delas, que mostra a entrega da bandeira olímpica de Londres para o Rio de Janeiro, em 2012, custa R$ 150.
"É a mais rara. E está em um estado de conservação excelente, chamado flor de cunho. São intocadas, só manuseamos com luva", afirma Anderson, que trabalha com numismática (estudo de moedas e medalhas) há três anos.
Pins
Mania a cada edição dos Jogos e uma das principais ferramentas de aproximação entre as pessoas, a troca de pins tem agitado os complexos esportivos espalhados pela cidade.
A americana Cori Snelson trouxe os seus para trocar e vender. São todos do tio dela, que é colecionador. Expostos em uma bicicleta vermelha onde está escrito "Rio pin collectors" (colecionadores de pins do Rio), eles atraem curiosos em busca de uma recordação do evento no calçadão de Copacabana, na Zona Sul.
Uma delas é a brasileira Cristina Gonzaga, que aderiu à mania dos pins após ganhar alguns no Parque Olímpico. "Consegui juntar 12 em 3 dias. Vou guardar com todo o carinho", disse.
O mecânico espanhol Daniel Garcia, que começou a colecionar pins nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, trouxe mais de 500 repetidos para trocar e vender aqui. "É bom que me ajuda a custear a viagem", afirmou.
Colecionador há 40 anos
O americano Sidney Marantz, de 72 anos, vive com a certeza de que os Jogos só existem para que as pessoas do mundo todo troquem pins. Sua paixão começou em Montreal, no Canadá, nos Jogos de 1976.
“Comecei há 40 anos. Alguns pins são de Olimpíadas passadas e outros que consegui no Rio. É uma tradição os visitantes trocarem pins uns com os outros e fazerem amigos. Porque os espectadores não podem ser adversários, eles têm de ser amigos”, contou.
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