Com " médio-apoiadores ", Roger abre leque para alterações táticas; entenda
Roger diz ter definido se optou pelos " médio-apoiadores " ou extremas / Foto: Eduardo Moura

Na metade da semana que passou, os gremistas ficaram a par de um novo conceito de Roger Machado dentro de suas opções de formação tática para a equipe. E o vocabulário apurado do treinador ganhou um novo termo. Depois de escalar três volantes e mudar a forma do time atuar na vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-PR fora de casa, pela Copa do Brasil, ele preferiu nomear seus jogadores de centro de "médio-apoiadores". Mas, afinal, por que tal nomenclatura? Quais as mudanças efetivas na forma de atuar? O sistema será mantido?

Conforme já havia treinado em outras oportunidades, no jogo contra o Furacão Roger sacou Pedro Rocha do time e colocou Ramiro, na ausência de Maicon. Assim, o tradicional 4-2-3-1, usado desde sua chegada, em meados de 2015, foi substituído por um 4-4-2 em losango, quase um 4-3-3, com Douglas na posição de camisa 10 praticamente ao pé da letra. Na entrevista coletiva após o duelo, porém, o técnico tratou de questionar a visão dos jornalistas sobre o esquema.

– Por que não são três atacantes no lugar de três volantes? Temos que mudar um pouco o conceito dessa nomenclatura e fazer uma análise menos superficial sobre os jogadores. O Douglas deu um passo atrás para ficar entre dois jogadores (Luan e Bolaños) e preencheu os espaços para que o adversário não pudesse ocupá-los – observou Roger.

O sistema com "médio-apoiadores", e não volantes, conforme o comandante gremista, prevê uma pressão maior sobre o campo adversário. Sem a bola, Luan e Bolaños apertam o cerco aos rivais e recebem o apoio de Douglas. Na retaguarda, os outros três meio-campistas também avançam para diminuir a amplitude e as opções de passe, o que configura o 4-3-3 explicado por Roger

Surpreender o adversário em desequilíbrio segue como o principal mantra da equipe. Desta forma, com a bola roubada no campo ofensivo, torna-se mais fácil "transitar" para o gol, explica o treinador. Em entrevista já na tarde de sexta-feira, Roger comentou que a fragilidade pelos lados vista na derrota para o Flamengo, no domingo passado, não foi o principal fator de mudança.

Ao exemplificar suas escolhas em números, o ex-lateral-esquerdo citou que o Grêmio teve 75% de vitórias em jogos nos quais houve pelo menos cinco roubadas de bola no campo do rival. Com estatísticas menores de desarme, os triunfos caíram para 19%, segundo ele.

– Sempre tenho falado que a contribuição dos jogadores de ataque na retomada da bola mais perto do gol adversário tem sido fundamental. Precisa pegar o adversário em desequilíbrio e transitar rápido para o gol. Contra o Atlético-PR foi assim. Desejei alterar a estrutura não para deixar o time mais pesado ou marcar os lados. Diferente de ter dois jogadores de lado na pressão, terei os dois médio-apoiadores na linha para aumentar o peso e roubar a bola na frente, mais perto do adversário – justifica Roger.

Velocidade pelos lados

No 4-2-3-1, formação tradicional do Grêmio desde a chegada de Roger, os dois extremas – jogadores que atuam abertos pelos lados, anteriormente Everton e Giuliano – fecham o meio de campo em uma segunda linha de quatro, e apenas Douglas e Luan fazem o combate inicial. Na fase defensiva, oito jogadores ficam atrás da linha da bola quando o rival ataca. Além disso, o time ganha a oportunidade de organizar o contra-ataque rápido com a velocidade pelos lados do campo (veja na imagem abaixo).

- Na nossa (formação no 4-2-3-1) teria a velocidade dos lados, talvez menos marcação em pressão. E ganho em velocidade quando transito. Depende de usá-las em determinado momento do jogo, e o adversário que vamos enfrentar. Quero poder usar as duas dependendo do que vai acontecer na partida - completou.
 

Apesar das alterações na forma de atuar de um duelo para outro, não há uma formatação definitiva no Grêmio. As circunstâncias dos jogos ao longo dos 90 minutos e o comportamento dos adversários é que irão pautar as movimentações do time. Afinal, é o conjunto da obra que sinaliza ganhadores e perdedores.