Com buraco e cerca caída, acesso de bichos ao aeroporto é risco frequente

Sem uma mureta de proteção rente ao solo, animais silvestres entram facilmente na Base Aérea de Campo Grande cavando por baixo da cerca ou até mesmo abrindo buracos na tela. Isso aumenta o risco de acidentes como o registrado nessa terça-feira (10), quando uma aeronave atingiu uma capivara durante a decolagem e saiu da pista.

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O Campo Grande News percorreu os arredores do aeroporto, da área militar e constatou que além de várias fendas que aparentam ter sido feitas por bichos silvestres, em alguns pontos a proteção está caída, facilitando o acesso inclusive de pessoas.

Matheus Dourado Silva, 23 anos, trabalha como açougueiro e mora há 10 anos em frente de uma reserva que fica no local. “Esses dias para trás tinha uma capivara enroscada na cerca do aeroporto, tivemos que chamar o Ibama para levá-la”, afirma.

Existe inclusive uma família de roedores dessa espécie que vive nos arredores e constantemente é flagrada passeando pelas ruas.

Catarina da Silva Rodrigues, 70 anos, vê muitos animais no quintal da casa dela. “Tem um que parece um cachorro, meu vizinho disse que é um lobinho. Quando ele aprece, meu filho bota para correr para não atacar as minhas galinhas”, comenta.

Segurança – O Campo Grande News solicitou uma entrevista com representante da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) na Capital para comentar o acidente e falar das medidas que serão adotadas para barrar a entrada de animais no loca,.

Contudo, o órgão preferiu se manifestar por uma nota encaminhada pela assessoria de imprensa. Nela, afirma que as investigações sobre o acidente de ontem estão a cargo do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e que está colaborando com os trabalhos.

Informa também que a pista do Aeroporto de Campo Grande chegou a ficar fechada entre 19h42 e 20h12 após o pouso da aeronave em questão, mas sem causar impacto às demais operações.

Sobre o relato de que o incidente teria sido causado pela presença de uma capivara, a Infraero informa que o Aeroporto de Campo Grande conta com medidas visando à prevenção e mitigação de ocorrências com fauna, realizadas por meio de seu Programa de Gerenciamento do Risco da Fauna.

Esse protocolo estabelece procedimentos permanentes, sazonais e eventuais, incorporados à rotina operacional, como vistorias periódicas para monitoramento de fauna, especialmente de aves, e de fatores do ambiente que as atraem.

Além disso, a Infraero também faz o controle da vegetação para reduzir a atratividade do ambiente para a fauna, além de campanhas de conscientização internas e externas sobre o risco e formas de prevenir a entrada de animais nas dependências.

 

Todas ocorrências relacionadas ao tema são reportadas ao Cenipa e, quando observada a presença ou aglomeração de animais em áreas externas ao sítio, que possam causar interferência nas operações, os órgãos locais responsáveis pela adoção das ações necessárias são acionados.

Apuração – O Cenipa informa que técnicos vindos de São Paulo já estão em Campo Grande para fazer a perícia na aeronave. O processo de investigação tem o objetivo de coletar dados: fotografar cenas, retirar partes da aeronave para análise, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que possam ter observado a sequência de eventos.