Caso raro foi tratado com técnica bipolar e deu qualidade de vida a adolescente.
Caso raro e desafiador marcou a trajetória do neurocirurgião Diego Ramos, que usou uma técnica de um cirurgião francês para reverter uma escoliose e dar qualidade de vida a uma paciente de 15 anos, em Campo Grande.
Com paralisia cerebral, a jovem, com apenas 30 kg, enfrentava uma condição que, segundo os especialistas, não é comumente tratada pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
A deformidade da coluna vertebral, que pode se agravar com o tempo e causar complicações sérias, foi tratada com muita atenção e carinho pelo médico, mesmo diante dos riscos a paciente de baixo peso.
Ao TopMídiaNews, Diego explica que o procedimento padrão para tratar a escoliose demanda uma grande incisão desde o final do pescoço até o início do sulco interglúteo. "É um procedimento muito grande, bastante invasivo, com grande sangramento e muitas complicações, em especial em crianças com peso tão pequeno quanto essa paciente", detalha o médico.
No entanto, Diego optou por uma abordagem menos invasiva, conhecida como técnica bipolar, desenvolvida por um cirurgião francês. Esta técnica reduz a manipulação da musculatura, o sangramento e as complicações pós-operatórias. O desafio estava nos custos dos insumos cirúrgicos exclusivos dessa técnica.
"O diferencial nesse caso é que utilizamos a mesma técnica, mas um dos insumos cirúrgicos, que é muito caro, foi adaptado com sucesso com materiais disponíveis no SUS", revela Diego.
A paciente já havia sido avaliada no Hospital Universitário, onde não foi indicada a cirurgia devido à gravidade da deformidade e alto risco de morte. A mãe da adolescente buscou tratamento na Santa Casa de São Paulo, mas ainda aguarda na fila. Por sorte, o caso chegou ao ambulatório de Diego na Santa Casa de Campo Grande.
"Na prática, não me é oferecido pelo poder público nem o paciente e nem as condições para operar. Mas assim como diversos colegas no SUS, nos adaptamos e fazemos o máximo possível com o que temos", ressalta o médico.
Após a cirurgia, a paciente se recuperou bem do ponto de vista cirúrgico, segundo Diego, mas enfrentou complicações pulmonares que a levaram a uma nova internação. Mesmo assim, Diego comemora a recuperação da jovem e o sucesso da cirurgia.
"O resultado foi muito satisfatório. Cabeça de volta ao centro do tronco, redução da curva para 87 graus e correção da obliquidade para 20 graus. Outra qualidade de vida", comemora.
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