Um fofoqueiro é alguém exaustivamente chato, que vive se preocupando demasiadamente com a vida dos outros, em uma espécie de pesquisa social eterna, onde tal entidade se especializa em descobrir o que seus pares estão fazendo, especialmente em suas esferas pessoais. Em outras palavras, esse sujeito existe somente para observar o comportamento alheio, encontrar fatos “comprometedores” e posteriormente espalhá-los para a sociedade.
Usando palavras diferentes, essas criaturas possuem uma alma vazia e opaca, o que faz com que elas precisem se preencher constantemente através da busca desenfreada por fatos ocorridos nas casas alheias e por eventos especulativos levantados por bravateiros. Exatamente por isso, elas não conseguem refrear a língua, que é do tamanho de um dinossauro e vive propagando assuntos irrelevantes e superficiais, fazendo com que somente as pessoas de ouvido frouxo tenham paciência para ouvi-las e, principalmente, para respeitá-las.
O grande problema dessa brincadeira idiotada, é que ela destrói boa parte do clima harmônico e unificado de uma empresa, gerando uma gama variada de energias negativas que se multiplicam a medida em que esses tagarelas conquistam seus “discípulos”. Desta forma, esse também é um pedregulho que a liderança precisa assumir, de modo a intervir e não deixar que esse vírus se prolifere por toda a organização, procurando equacionar a atmosfera e torna-la pacífica e sensata.
O ousado francês François de La Rochefoucauld sabiamente disse: “O indício mais seguro de se ter nascido com grandes qualidades é ter nascido sem inveja.” Pegando um gancho nessa reflexão estarrecedora do aristocrata parisiense cujas letras faziam os deuses o odiarem, precisamos compreender que muitos desses ataques ocultos são direcionados puramente por ciúmes, tendo em conta que grande parte desses fofoqueiros são desgostosos, infelizes e frustrados com suas carreiras. Assim, eles buscam recorrentemente desafogar suas desesperanças naqueles que ostentam aquilo que eles sempre desejaram, mas que nunca tiveram.
Lembrando ainda, que quem ouve esses linguareiros também faz parte desse conjunto amargo, pois aumenta desenfreadamente o valor dessas coisas e supervaloriza o poder que elas verdadeiramente possuem, como se vivesse apenas para marchar em prol dessas bobagens aloucadamente perfeitas.
Então, precisamos aprender a criar escudos para nos blindarmos eficazmente dessas flechadas, objetivando criar boas estratégias que terão o poder de fazer com que essas ações negativas não atinjam nossos telhados.
Como a coisa realmente funciona
A fofoca somente se enraíza porque existem muitas pessoas interessadas em fortalecê-la, ou seja, esses ouvintes alimentam essa deformidade, fazendo com que ela seja mantida pela atenção que eles (orelhudos de palavras vãs) as dão.
O objetivo da fofoca é encontrar pontos fracos e supervalorizá-los, é minar propositalmente a imagem de alguém que ostente atributos marcantes, é inventar fatos inexistentes e propagá-los até que possam ganhar força, é forçar alguém a falar algo comprometedor baseado naquilo que foi externado, é ajuntar pessoas “desejáveis” para que esse grupo invisível ganhe solidez, é discutir sempre assuntos que ataquem única e exclusivamente as pessoas (nunca os problemas), é se importar mais com a vida pessoal do que com a profissional, enfim é criar laços infernais para derrubar alguém baseado em erros que por inúmeras vezes, sequer existem.
Portanto, tenha muito cuidado com esses néscios: não engane pela meiguice de suas faces, pelas demonstrações de afeto e carinho e pela generosidade dispensada, porque eles são seres perversos, manipuladores e absolutamente mal intencionados. Costumo dizer aos meus amigos que um fofoqueiro é semelhante a uma fruta envenenada, isto é, ela pode até ser linda e aparentemente saborosa por fora, mas por dentro possui uma toxina capaz de matar o nosso corpo e despedaçar a nossa alma.
E isso tende a ser pior quando um gestor aprecia tal comportamento, aliando-se a esses estultos e criando múltiplas maneiras de disseminar essa cultura ridiculamente insensata pela sua organização. Certamente, superiores que agem desta forma, somente contribuem para o vital enfraquecimento de suas equipes.
Ora, essa é a coisa mais óbvia do mundo: um líder deve fazer antítese de tudo isso, pois precisa ser espelho de virtude para o seu time, não podendo compactuar jamais com tais movimentos. Com absoluta certeza, se uma âncora prefere estar do lado das trevas, cabe aos seus liderados saírem imediatamente desse lugar, sob risco de serem infectados por tal anomalia e por consequência, serem ceifados pelo espírito diabólico da mediocridade.
Sabemos que o principal pilar de um homem de caráter é, indiscutivelmente, a sinceridade. Mas, esses fofoqueiros não conhecem valores, princípios ou normas filosóficas, pois são confusos em sua essência, e não fazem diferenciação alguma entre a mentira e a verdade, entre a hipocrisia e a honra, e entre bem o mal. São canalhas, calhordas e esdrúxulos, existindo apenas para atacar, dividir e tumultuar, não descansando até que o estresse reine soberanamente diante de seus olhos e até que a infelicidade brote abundantemente diante de seus pés.
Como reagir diante desses desocupados
Em primeiro lugar, se isto estiver lhe incomodando e afetando algumas de suas qualidades profissionais, leve o fato imediatamente para a liderança da empresa e se defenda. Sem dúvidas, você não é obrigado a aturar certas situações: converse com seu líder e faça com que ele compreenda perfeitamente o que está ocorrendo.
Em segundo lugar, é fundamental analisar o ambiente e não participar de motinhos hipócritas, onde se reúnem os falastrões que vivem espalhando futilidades e vulgaridades. Certamente, um profissional virtuoso foge desenfreadamente desses terrenos, porque sabe que desse lugar não pode sair nada que proceda da justiça e das esferas genuinamente honrosas.
Em terceiro lugar, é interessante ignorar implacavelmente essas conversas, demonstrando para o emissor que nem todos são interessados em suas enfadonhas notícias. Aliás, é importante também, dar ferrenhas espadadas diante de determinadas situações, pois algumas pessoas extrapolam nesses diálogos, passando por cima da ética e dilacerando implacavelmente a moral e os nobres costumes.
Em quarto lugar, é inteligentemente sábio ser recatado, discreto e modesto, ou seja, é aprender a nunca ter o objetivo fétido de querer aparecer para as pessoas, se abrindo além do necessário e percorrendo caminhos incógnitos. Lamentavelmente, muitas pessoas caem nesse alçapão criado por elas mesmas, relatando dados pessoais e contando inúmeras intimidades para quem não merece (e não pode) receber essas sigilosas informações.
Em quinto lugar, é impreterível ser uma pessoa de caráter e solidez idônea, pois essa ação fará com que grande parte do grupo tenha tal indivíduo como alguém de credibilidade e confiança (imagem forte), fazendo com que esses falastrões pensem duas vezes antes de externar falácias contra alguém que é tido como exemplo pela maioria esmagadora das pessoas.
Em sexto lugar, já que essas pessoas apreciam crescer em cima das outras, basta apanhar essas ideias e invertê-las a favor dos atacados, isto é, quando essas concepções forem lançadas, basta transformá-las em algo bom e generoso.
Exemplo: Na Bíblia Sagrada, vemos que Jesus Cristo foi indagado pelos escribas e fariseus sobre qual seria a punição para uma mulher que havia cometido o crime de adultério (flagrantemente comprovado) na época. Segundo a lei vigente, ela deveria ser covardemente apedrejada por conta de seu terrível pecado, cabendo aos “justos”, cordialmente castiga-la em prol da justiça espiritual e moral constituída nas “santíssimas” escrituras.
Logo, haviam três problemas para o Messias: a tradição exacerbada dos religiosos, um fato ocorrido de forma sórdida e vulgar e a busca por uma solução rápida e que satisfizesse imediatamente todos os entes envolvidos.
E o que Jesus fez? Deu valor as fofocas? Descumpriu a moral e os valores da época? Deixou o “crime” impune, desfalecendo a equidade e o bom senso presente em tal cenário? Não, ele não escolheu nenhuma das alternativas possíveis, porque enxergou além do problema e conseguiu sobrepujar a adversidade, aproveitando um momento refratário para mostrar as pessoas que o perdão é mais importante que a vingança, que o amor é muito mais justo que o ódio e que a paz é muito mais reconfortante que a guerra.
E é isso que nós precisamos aprender: a não darmos crédito para qualquer ideia que nos chegue. Vale mencionar anexadamente, que quando somos prejudicados e ludibriados mesmo estando com a razão, não é necessário nenhum tipo de preocupação, porquanto a bondade se mantém perante qualquer objeto contrário e a maldade se destrói sob qualquer circunstância favorável.
Que possamos então, aprender a valorizar o silêncio e as ideias de valor, anulando as imbecilidades e as variáveis inúteis, porque fomos criados para os universos da sabedoria e do entendimento, e não podemos permitir jamais que as alienações nos afastem dos caminhos fidedignamente perfeitos e das galáxias verdadeiramente precisas.
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