Depois de muita espera, ele está causando um rebuliço nos países onde já foi lançado. Tanto é que até a polícia precisou intervir.
Pelo menos foi o que ocorreu na Austrália, onde as autoridades precisaram emitir um alerta para que jogadores de Pokémon Go não se aventurassem em lugares perigosos, como túneis, ou recomendar que os mesmos tirem "os olhos do telefone e olhem para os dois lados da rua antes de atravessar."
Pokémon Go é a atualização mais recente da franquia de jogos de videogame lançada pela Nintendo há 20 anos. A nova versão começou a ser lançada mundialmente há poucos dias e leva jogadores a procurar pokémons em museus, parques, esquinas, em seus banheiros e até no porta-luvas do carro.
Mas toda essa atividade levou a preocupações com segurança.
Go Pokémon é um jogo de realidade aumentada que deixou os videogames para se instalar em smartphones e se estender pelo "mundo real". Os jogadores se tornaram agora treinadores que saem à caça dos pokémons - como são chamadas as criaturas com diferentes habilidades que "vivem" em bolas especiais.
De acordo com o conceito original, os jogadores devem procurar pelos pokémons até completar sua coleção. O problema começa exatamente nesse ponto.
Para capturar um pokemón, o jogador deve, literalmente, ir para as ruas de sua cidade. Usando o GPS do telefone, o aplicativo irá alertá-lo com uma vibração e luz intermitente sempre que estiver perto de um pokémon.
Quando o usuário ligar a câmera de seu celular encontrará uma imagem do pokémon em questão, sobreposta à cena real por trás da lente. Ao tocar a criatura na tela, ele a captura e armazena em seu dispositivo.
Essa é a característica que faz o jogo ser considerado de "realidade aumentada": permitir que a realidade se misture com um elemento de ficção por meio de um dispositivo tecnológico.
Além da captura, outro objetivo do jogo é treinar os pokémons e vencer batalhas contra criaturas adversárias.
A linha que separa fantasia
Há muitos jogadores relatando no Twitter suas aventuras em busca de pokémons, além de listarem uma série de lugares inesperados onde as criaturas foram encontradas. "Eu estou em um programa de verão para estudantes do ensino médio e esta noite estão todos os alunos correndo pelos quartos procurando pokémons", disse o usuário @thelowlyparamecium.
"Alguns garotos embarcaram no trem para a cidade, todos perseguindo pokémons. As linhas que dividem a realidade da fantasia foram apagadas. Tudo é possível. Ir e viver o seu sonho."
Em uma nota muito menos positiva, @hyojin tuitou que "Pokémon Go aumenta (os índices de) sequestro de menores de idade que saem às ruas às 2 da manhã em busca de um rato elétrico fictício".
A verdade é que o elemento de "ir para a rua e encontrar o pokémon" atribui interatividade ao aplicativo e obriga o jogador a se exercitar. É o mesmo ingrediente de sucesso que fez o console Wii se popularizar.
O pioneiro nesse segmento, porém, foi o Atari nos anos 1980 com o jogo Crazy Foot, que colou os jogadores para saltar sobre uma plataforma ao ritmo de uma sequência de luzes.
Sem novidades, mas com pegada
Neste sentido, o jogo Pokémon Go representa uma grande inovação, disse à BBC Mundo Mikel Cid, editor do blog especializado em tecnologia Xataka.
"A empresa tem trabalhado junto com a Niantic para desenvolver o jogo, e eles já tinham desenvolvido previamente um game de grande sucesso para celulares chamado Ingress, no qual a geolocalização e a realidade aumentada desempenham um papel importante", explicou Cid.
Para ele, a realidade aumentada "vai ganhar mais adeptos devido ao grande trampolim que deve causar um jogo com tantos seguidores como Pokémon", explicou.
"Passar do mundo virtual para o mundo real é um sucesso por parte de Pokémon porque os jogadores precisam mergulhar ainda mais no jogo por causa da realidade aumentada."
Um perigo?
Mas a polícia da Austrália tem razão quando adverte os fãs de Pokémon para não esquecerem de olhar para os dois lados antes de atravessar a rua?
"Infelizmente, eu acho que não vamos demorar muito para ver casos de pessoas com problemas de roubos, atropelamentos e quedas, por estarem mais focados em olhar para a tela do que realmente ao seu redor", diz Cid.
"Acontece que as pessoas já se distraem olhando para o celular e agora esse problema será ampliado. Isso se transformará em um perigo real aumentado".
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