Conversas entre padre e coroinha que fizeram sexo passam de 200 páginas
Padre foi afastado em Campo Grande após engravidar adolescente. / Foto: Reprodução/TV Morena

As mensagens trocadas entre o padre Jocerlei Tavares, 41 anos, e a coroinha de 16 anos, que engravidou dele, renderam, até o momento, pelo menos 200 páginas de laudo da perícia, segundo a delegada Daniella Kades, que investiga o caso. A denúncia de estupro, feita pela família da garota, é investigada pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) em Campo Grande.

Ela disse ao G1, nesta segunda-feira (26), que a perícia no celular da coroinha ainda não foi concluída e que aguarda o laudo para analisar o conteúdo das mensagens. A mãe da adolescente e duas tias, ouvidas pela polícia, afirmaram que o líder religioso teria mandado fotos e vídeos pornográficos para a garota.

"Elas [tias] confirmaram a versão da mãe, de que o padre teria mandado mensagens com conteúdo sexual para a coroinha, e disseram que a menina é muito ingênua, que não sabia o que ia fazer no motel, que se sentiu pressionada porque o padre não estava mais conversando com ela", relatou a delegada.

Segundo a delegada, o depoimento das tias não mudou o rumo das investigações, que até o momento, não tratam o caso como estupro, já que não foi contra a vontade e nem sob violência ou ameaça, conforme a adolescente. O caso também não é considerado estupro de vulnerável, porque a vítima tem mais de 14 anos e não é portadora de deficiência ou doença que a torne vulnerável.

O objetivo da perícia é apurar se a menina foi coagida pelo padre a ter relações sexuais. Se não for comprovada a tentativa de coação, o padre não será indiciado por nenhum crime.
Igreja onde padre ordenava em bairro de Campo Grande (Foto: Domingos Lacerda/ TV Morena)
Igreja onde padre ordenava em bairro de Campo
Grande (Foto: Domingos Lacerda/ TV Morena)

Denúncia
Desde o fim de setembro, a polícia investiga o suposto estupro de vulnerável após denúncia da mãe da garota. O inquérito foi instaurado pela Depca cinco dias depois.

Até o momento, foram ouvidos a coroinha, mãe e a irmã da adolescente e o padre e, por enquanto, não foi constatado crime, já que a garota diz que o sexo era de comum acordo e começou quando ela já tinha mais de 14 anos.

O padre é da paróquia Santa Rita de Cássia e foi afastado das funções pela Arquidiocese de Campo Grande. Quando a gravidez foi descoberta pela família, a coroinha inventou que tinha sido estuprada, mas contou a verdade depois de ser questionada. Em depoimento à polícia, o padre confessou o sexo e disse que os dois se encontravam em motéis, durante a tarde, período em que a adolescente falava para a família que estava na igreja.

Paternidade
Para a polícia, o padre disse que vai assumir o filho e que prestará a assistência necessária à adolescente e ao bebê. Ainda segundo a delegada, a criança é um menino e já tem nome escolhido pelos pais.

Em depoimento, o padre entregou à delegada um comprovante de depósito feito na conta do pai da adolescente, no valor de R$ 4 mil. Segundo o líder religioso, o dinheiro seria para ajudar no acompanhamento da gravidez e num  possível parto da criança.

Entrada ilegal
Os motéis onde o padre e a garota se encontraram poderão ser responsabilizados e ter as atividades suspensas, segundo a delegada, já que não impediram a entrada da adolescente no local.

A polícia informou que será instaurado procedimento apartado para verificar a não observância de dispositivo legal que exige a exibição de documento para evitar que menor entre nesse tipo de estabelecimento.

Afastamento
A Arquidiocese de Campo Grande anunciou, no dia 29 de setembro, o afastamento do padre, que exercia funções na paróquia Santa Rita de Cássia, por suspeita de envolvimento amoroso com adolescente, que está grávida. O comunicado de afastamento foi assinado pelo arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa.

Segundo a publicação, o padre vai oferecer assistência à adolescente e ao bebê. Ainda conforme o comunicado, ele era membro da Província Nossa Senhora Conquistadora dos Padres e Irmãos Palotinos de Santa Maria (RS) e até então exercia funções de vigário paroquial da Paróquia Santa Rica de Cássia, na capital de Mato Grosso do Sul, ecônomo da Arquidiocese e secretário executivo do regional oeste 1 da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).