Ainda sem compreender direito o que é a Justiça, os dois filhos mais velhos -de 5 e 11 anos- da auxiliar de limpeza Simone Maria da Silva, de 29 anos, participaram de um protesto realizado pela família e por amigos, na manhã deste sábado (11). O grupo se reuniu com cartazes, no cruzamento da Avenida Fábio Zahran com a Avenida das Bandeiras, local onde Simone, seguia com a sua motocicleta no dia 4 deste mês, e foi atingida pelo carro conduzido por Alisson Morais Cordeiro, de 32 anos, que estaria embriagado, segundo a polícia.
A motociclista, mãe de três crianças, sofreu várias fraturas pelo corpo, teve o pé amputado e ainda corre o risco de ficar paraplégica. O condutor do veículo foi preso em flagrante por embriaguez ao volante, assim que recebeu alta médica no dia do acidente. No dia 6, em uma audiência de custódia, o juiz Alexandre Corrêa Leite decidiu pela liberdade provisória dele, que pagou fiança de R$ 3,5 mil.
Sinome seguia para o trabalhoSinome seguia para o trabalho
A cunhada e amiga de infância de Simone, Dayana Franco da Silva, de 28 anos, diz que Simone acordou na última quinta-feira (9), mas como ficou muito agitada, voltou a ser sedada. O procedimento foi necessário para não causar danos na medula, pois a auxiliar de limpeza ainda corre o risco de ficar paraplégica.
Dayana diz que a cunhada recebe a visita da mãe e que os médicos afirmaram que ela pode entender o que é falado. “Ela [a mãe da motociclista] tenta tranquilizar e dizer que está tudo bem com as crianças. Acho que foi por isso que ela ficou agitada, porque queria saber dos filhos”. Os médicos ainda aguardam a estabilização da pressão arterial da motociclista para que ela possa passar por duas cirurgias.
No protesto, carregando cartazes e gritando por justiça, os familiares questionam a liberação do condutor do carro após o pagamento da fiança. “Juiz, cadê o direito dos filhos”, dizia um dos cartazes. “Em primeiro lugar, queremos a justiça de Deus. Depois a Justiça dos homens. Porque ele tem dinheiro, foi solto? Ele tem quatro acidentes nas costas. Vai precisar matar alguém para ficar atrás das grades?”, diz a cunhada.
Além das duas crianças que carregaram cartazes no protesto, Simone ainda tem uma menina de 2 anos. A cunhada teve de se mudar para a casa da mãe da motociclista para ajudar a cuidar das crianças. “A pequena ainda não entende. Eles ficavam com a avó durante o dia para ela ir trabalhar e eram acostumadas a todo dia, esperarem pela mãe às 17 horas. Quando vai chegando esse horário, a pequena fica agitada, nervosa e chorando”.
A família diz não ter sido procurada pelos advogados de Alisson, que segundo eles, estaria viajando no momento.
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