Por mais que todos os cuidados para manter um lar seguro sejam tomados e que a criança pequena esteja sempre sob a vigilância de alguém, vez ou outra ocorre uma queda, um arranhão ou um hematoma.
Quando o acidente resulta em feridas, a enfermeira Mara Blanck, presidente da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética (SOBENFeE) e presidente da Sociedade Iberolatinoamericana de Úlceras e Feridas (SILAUHE), alerta que é imprescindível que estes machucados não sejam negligenciados.
“Quando malcuidado, o processo de recuperação do ferimento será mais demorado, doloroso e o local machucado poderá sofrer prejuízos irreparáveis, além da nova pele nascer com até 50% menos qualidade que a original”, defende a enfermeira.
Segundo Mara, o corpo produz células chamadas de fibroblastos, que se agrupam e formam o novo tecido na cicatrização. Esse processo requer tempo e estabilidade do local atingido, para que a reconstrução seja completa e sem as indesejáveis marcas.
No caso das crianças, este processo pode ser mais rápido, já que elas apresentam ótima capacidade de regeneração tecidual. Porém, a especialista explica que locais de grande mobilidade e difícil fixação de curativos, como joelhos e cotovelos, por exemplo, podem ter uma resposta mais lenta.
“Somado à grande atividade das crianças, esta lentidão às vezes resulta em cicatrizes permanentes, o que às vezes pode não ocorrer em lesões do mesmo perfil em outras regiões do corpo”, diz.
Certo e errado
Para prestar os primeiros socorros, Mara recomenda apenas o uso de antisséptico, álcool a 70°, fita micropore e gaze. No caso de cortes, é recomendado muita higiene, pouco movimento, troca de curativos regularmente e uso de álcool a 70° para eliminar bactérias.
“É importante esclarecer, no entanto, que o álcool não pode ser aplicado em lesão aberta, apenas em cortes de pequeno porte onde a dor é suportada”, recomenda.
No caso de queimaduras leves, que deixam a pele vermelha, o recomendado é lavar em água corrente e nunca estourar as bolhas. Já em situações de mordidas, é recomendado lavar o local com água e sabão e procurar uma emergência.
Entre os procedimentos adotados por muitos pais leigos, mas que não são aconselháveis, estão o uso de borra de café, pasta de dente e vinagre para cicatrizar certas lesões.
Outro exemplo do que não deve ser feito, segundo a enfermeira, é lavar os ferimentos secos no momento da troca de curativos.
Cuidados extra
Após cicatrizados, os machucados ainda merecem atenção. Mara Blanck afirma que na fase pós-cicatrização a pele ainda está bastante frágil e necessita de proteção contra fricções ou exposição solar. Além disso, “é indispensável a hidratação do local com hidratante hipoalergênico”, recomenda.
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