De cabeça, não! Médico alerta para riscos do mergulho em águas rasas
Maioria dos atletas de rugby em cadeiras de rodas do Brasil se machucou mergulhando / Foto: André Durão

Primavera chegando, e o clima está esquentando na maioria das cidades brasileiras. É tempo de praticar esportes ao ar livre, principalmente se eles forem na piscina ou na praia. Mas até os momentos de lazer podem ser perigosos. Você sabia que no Brasil cerca de 1500 dos 6 mil casos de lesão na medula que ocorrem todos os anos foram originados em mergulhos em águas rasas? E grande parte dessas pessoas tem menos de 30 anos. Ou seja, aquele pulo na piscina ou no mar pode mudar a vida de um jovem se não for feito com cautela.

Foi o que aconteceu com a maioria dos atletas da seleção brasileira de rugby em cadeiras de rodas que disputou os Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro. Lucas Junqueira, por exemplo, bateu em um banco de areia ao mergulhar no mar. Já David Abreu se machucou ao brincar na piscina durante um churrasco. E para evitar esse tipo de acidente, o médico ortopedista Márcio Cohen diz que medidas simples, como não pular de cabeça e verificar a profundidade do local, são eficientes.

- É preciso conscientizar a sociedade de que antes de mergulhar no mar, num rio ou até numa piscina que você não conhece, é preciso ter noção da profundidade, porque às vezes numa brincadeira ocorre uma lesão grave - afirmou.

Mas por outro lado, uma vez que a lesão já ocorreu, o esporte pode ser a tábua de salvação dessas pessoas. Muitos encontram nele uma razão para seguir em frente. O esporte tem o poder de incluir, de melhorar a vida em sociedade e, fora o fator psicológico, ajuda na questão cardiorrespiratória, promovendo maior qualidade de vida e independência para quem tem alguma limitação física.

- Para o atleta ou pessoa que tem alguma deficiência física, como paraplegia ou tetraplegia, a inclusão no esporte é ainda mais importante do que para quem não tem deficiência. O esporte ajuda na questão cardiorrespiratória, e principalmente no ponto de vista psicológico e social. O esporte é importante, não só como questão de saúde, mas também social. As pessoas se sentem mais motivadas, lembram menos dos problemas que passaram. A maioria passa por longos períodos de internação, reabilitação e isso faz com que elas esqueçam desse passado difícil e se ponham em condições de igualdade com o restante da população - avaliou Márcio Cohen.

E a prova dos benefícios do esporte na vida de quem tem algum tipo de deficiência física pode ser vista na Paralimpíada do Rio, que termina neste domingo, e está consagrando milhares de atletas. Mas fato é que os paratletas, sejam olímpicos ou amadores, são mais fortes e vivem melhor do que aqueles que não praticam atividades físicas.