Crime é o terceiro que mais faz vítimas no estado, aponta dados da Sejusp-MS.

De Pix a vagas de emprego, golpistas fazem mais de 30 vítimas por dia em MS
Mensagens entre golpista e vítima pelo WhatsApp. / Foto: Direto das Ruas)

O crime de estelionato é o terceiro que mais faz vítimas em Mato Grosso do Sul, ficando atrás só das ocorrências de furto e violência doméstica, segundo estatísticas da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). Para se ter uma ideia, de 1º de janeiro até este domingo (19), foram 5.361 registros de estelionato, ou seja, 31 vítimas por dia.

As formas de ludibriar utilizadas pelos criminosos são inúmeras. No entanto, nos últimos meses disparam os golpes pelo WhatsApp e ofertas de vagas de emprego, com a facilidade de transferências bancárias via PIX. Conforme a Sejusp, em 2021 foram registradas 11.196 ocorrências. Se for comparar ao mesmo período desse ano, de janeiro a maio, em 2021 foram 4.790 golpes, e em 2022, 4.912 ocorrências de estelionato.

Conforme a Polícia Civil, entre os principais golpes está o que envolve o WhatsApp, seja na criação de perfil falso, seja na clonagem da conta. Em qualquer das hipóteses, o golpe é o mesmo, o estelionatário se passa por algum conhecido ou parente próximo e pede uma transferência via PIX, com urgência. 'Esse é o perigo, pois quando a vítima, depois de certo tempo percebe tratar-se de um golpe, não há como cancelar aquela transação financeira que é instantânea', afirma.

Outra modalidade de golpe com o uso do PIX, são as negociações com envio de comprovante de transferência pelo WhatsApp. 'Pelo avanço dos editores de texto, facilmente se consegue adulterar o conteúdo ou forjar um comprovante falso de transferência bancária'.

A polícia alerta para cuidados com páginas falsas que coletam dados que podem ser usados como chaves do PIX, a partir de cadastramentos falsos. 'Esses cadastramentos e atualizações de dados bancários são largamente utilizados pelas “centrais falsas de atendimento', onde o estelionatário entra em contato com a vítima por telefone ou aplicativo coletando dados, senhas e chaves PIX'.

Há, ainda, os golpes do “bug no PIX', no qual a vítima faz transferência de valores em chaves aleatórias pois recebe notícias de que através deste procedimento há um bug no PIX, com o recebimento de valores em dobro, porém mais uma vez trata-se apenas de fake news.

Os criminosos também se utilizam do golpe do “agendamento do PIX'. Por meio de artifícios de engenharia social, fazem a vítima acreditar que agendaram uma transferência de valor que ficou bloqueado e que pela urgência, convencem a vítima a fazer um novo PIX devolvendo o dinheiro imediatamente.

No caso da oferta de emprego as oportunidades são oferecidas pelos golpistas de diferentes maneiras, mas sempre pela internet e com benefícios encantadores. No entanto, especialista ouvido pela reportagem alerta: quem cobra para participação em processos seletivos é estelionatário, ressaltou o advogado trabalhista Renato Miyasato.

Caso recente - Na semana passada, um pai acabou percebendo que estava sendo vítima de uma tentativa de estelionato. Dois minutos depois de falar com a filha por ligação, o eletrotécnico, de 47 anos, morador em Campo Grande, recebeu uma mensagem por WhatsApp da jovem pedindo dinheiro para consertar o celular.

O intervalo entre a ligação e a mensagem foi o detalhe que fez o pai perceber que se tratava de uma tentativa de golpe. 'A gente já está calejado, cansa de ver reportagem desses golpes. Eu me atentei ao detalhe de que havia falado com ela tinha dois minutos', disse.

Aos poucos, durante a conversa, o próprio golpista foi dando brechas e dessa vez, não levou a melhor. 'Decidi divulgar o caso porque tem muita gente que cai ainda, às vezes a pessoa está preocupada, com outros problemas, fica nervosa e não presta atenção que pode ser golpe', alerta.